Salah Abdeslam, o único sobrevivente do grupo terrorista envolvido nos ataques a Paris, em novembro de 2015, afirmou esta terça-feira que não tinha conhecimento de qualquer ataque na capital francesa e que não se responsabiliza pelas 130 mortes ocorridas, a maioria das quais no teatro Bataclan.
Segundo o Ministério Público francês, o homem de 32 anos - autoproclamado militante do Estado Islâmico - fez várias viagens pela Europa em busca de vários outros militantes vindos da Síria nos meses anteriores ao ataque. Depois, tê-los-á levado para a Bélgica. A acusação revela ainda que o colete suicida de Abdeslam não detonou, o que o levou a fugir de Paris.
“Não tenho nada a esconder. Não tenho medo de ninguém. Digo a verdade”, frisou o suspeito, citado por uma jornalista presente no julgamento.
Salah Abdeslam « j’ai rien à cacher, j’ai peur de personne moi, je dis la vérité » #13novembre
— Noémie Schulz (@noemieschulz) March 15, 2022
Questionado sobre os carros que alugou, alegadamente para ir buscar os militantes sírios, Abdeslam defende que estava apenas a querer “ajudar” e compara a guerra na Síria à situação atual que se vive na Ucrânia. “Havia pessoas a fugir. Pessoas que queriam sair para fazer trabalho humanitário e outras que queriam lutar. Eu queria ajudar os meus irmãos”, defendeu o homem de nacionalidade belga.
“As pessoas querem acreditar que eu matei 130 pessoas, que eu aluguei carros, que eu sabia tudo desde o início, mas não é esse o caso”, frisou.
Segundo a jornalista francesa Noémie Schulz, que relatou excertos das declarações do suspeito na rede social Twitter, Abdeslam manteve a narrativa de que não sabia nada sobre o ataque durante mais de duas horas do julgamento e acusou a França de ter estragado a sua vida ao longo dos últimos seis anos.
Recorde-se que 137 pessoas morreram - 130 civis e sete terroristas - nos ataques levados a cabo na capital francesa entre os dias 13 e 15 de novembro de 2015. Do total, 87 morreram na sala de espetáculos Bataclan, onde três terroristas armados entraram aos tiros durante um concerto.
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