"Pedimos aos cidadãos que sejam sensatos nas suas iniciativas individuais. Não é recomendado levar carros com material, deixar esse material na fronteira e regressar com pessoas", explicou a presidente do Comité de Emergência, uma aliança de seis organizações humanitárias, Susana Atienza.
"Ajudem sempre através de canais oficiais e governamentais de ajuda", pediu, referindo que a mobilização das pessoas face ao conflito na Ucrânia "é comovedora", mas, se não for coordenada, "pode ser ineficaz".
Por isso, a responsável do Comité de Emergência pediu que as pessoas tenham confiança nas organizações humanitárias que conhecem as verdadeiras necessidades das vítimas: "Num dia pode ser material traumatológico e, no outro, ventiladores para doentes com covid-19", destacou.
Em vez de colunas de ajuda enviadas a título pessoal, todas as organizações consideram que a melhor maneira dos cidadãos ajudarem os ucranianos é através de doações financeiras.
"É o que mais agradecemos porque podemos depositá-las no terreno na forma de ajuda humanitária em menos de 72 horas", explicou o coordenador da UNICEF em Madrid, Ignacio Martínez.
Os representantes das organizações humanitárias destacaram ainda que estão a fazer o seu trabalho tanto nas fronteiras com a Ucrânia, para ajudar os milhões de refugiados, como dentro do país, para onde transferem a ajuda com a colaboração das instituições ucranianas.
Por seu lado, a diretora de comunicação da Cruz Vermelha, Belén Vilorio, sublinhou a necessidade de serem as administrações e organizações públicas a coordenar os acolhimentos de refugiados, já que muitas pessoas "não sabem o que isso implica ou as dificuldades que [a situação] acarreta a nível legislativo e humano".
As organizações pediram ainda especial sensibilidade no acolhimento de menores ou mulheres desacompanhadas, potenciais vítimas de tráfico e exploração sexual.
"Devemos evitar que pessoas indesejáveis se infiltrem" entre os voluntários que se oferecem para ajudar.
"Estamos a falar de mulheres, crianças e idosos que passaram pela separação das suas famílias e pelo horror da guerra, e não de pessoas que viajam no âmbito do Erasmus ou vão de férias", sublinhou a porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, María Jesús Vega.
A responsável do Comité de Emergência indicou ainda que as organizações estão "a tentar identificar redes de tráfico dentro e fora da Ucrânia", lembrando que "em situações de conflito, mulheres e menores são muito vulneráveis e facilmente se tornam em alvos de criminosos".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 780 mortos e 1.252 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,1 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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