A União Europeia (UE) é demasiado dependente do petróleo e gás russo para cortar o seu fornecimento a curto prazo, considerou hoje o primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte.
“Demasiadas refinarias no oriente e ocidente da Europa ainda dependem completamente do petróleo russo, e com o gás é ainda pior”, disse o responsável, depois do encontro com o presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, citado pela Reuters.
“Teremos de desalavancar essa dependência. Teremos de o fazer o mais rapidamente possível, mas não o poderemos fazer amanhã”, considerou.
Também o vice-primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak, afirmou esta segunda-feira ser impossível para a Europa ‘largar’ o gás russo neste momento, avisando que o preço do petróleo pode chegar aos 300 dólares por barril, caso o petróleo russo seja "banido" do Ocidente, reporta a agência TASS.
Dmitri Peskov, porta-voz da presidência russa, sublinhou ainda que o embargo europeu às importações de petróleo russo prejudicará o equilíbrio energético na Europa, atingindo “todos”. Na sua conferência de imprensa diária, o responsável justificou que se trata de "uma questão muito complexa, porque tal embargo terá uma influência muito séria no mercado mundial de petróleo bruto e prejudicará seriamente o equilíbrio energético no continente europeu".
"Os norte-americanos não irão perder nada, é óbvio, e vão sentir-se muito melhor do que os europeus", disse, acrescentando que "os europeus terão dificuldades".
"Ou seja, é uma decisão que atingirá todos", sublinhou.
Segundo o chefe da diplomacia dos 27, Josep Borrell, os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE planeiam examinar hoje as sanções contra o setor petrolífero russo devido à invasão da Ucrânia.
Na mesma linha, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelou hoje ao bloco europeu, em particular a Alemanha, para cessar todas as relações comerciais com a Rússia e recusar todos os seus recursos energéticos.
"Não pode haver 'euros para os ocupantes', fechem todos os vossos portos, não lhes enviem os vossos bens, recusem os recursos energéticos [da Rússia]", pediu, numa mensagem difundida através da rede social Telegram.
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