"Uma importante ramificação política da guerra é o possível aumento da agitação social em África", escrevem os analista desta consultora, apontando que "o aumento da insegurança alimentar é possivelmente o impacto mais devastador do conflito em África".
Na análise às consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, a Oxford Economics Africa lembra que os dois países estão entre os maiores exportadores de trigo e, por isso, "as perturbações ao comércio e os preços dos combustíveis mais altos vão colocar pressão nos preços dos bens alimentares, aumentando a inflação, bem como a posição orçamental dos governos que subsidiem estes produtos".
O problema, sublinham, é que as finanças públicas dos países africanos já estão fragilizadas devido ao combate à pandemia de covid-19, que "agravou as divergências no continente, aonde o alto custo de vida é um ponto político frágil e fundamental".
Dois dos países mais expostos a estas perturbações no comércio e às consequências da pandemia de covid-19 no quotidiano são o Egito e a Tunísia, dois dos principais importadores de trigo da Rússia e da Ucrânia.
"Preços mais caros dos alimentos são inevitáveis mas, se não forem bem geridos, isso pode levar a uma séria agitação social, Egito e Tunísia, em particular, estão entre a espada e a parede, os caros subsídios estatais aos bens básicos alimentares podem prejudicar a posição orçamental destes países, mas se os subsídios forem reduzidos, os protestos quase de certeza que vão surgir", escreve a Oxford Economics Africa.
Noutro ponto da análise, a consultora londrina escreve que o alinhamento dos países africanos vai depender mais das considerações sobre o interesse nacional do que devido à ideologia de cada um dos países em confronto.
"A resolução 'a condenar a agressão da Rússia à Ucrânia', a 02 de março, foi a primeira oportunidade global para os Estados apresentarem o seu ponto de vista, e apesar de uns esmagadores 77% dos Estados-membros que votaram terem favorecido a resolução não vinculativa, os Estados africanos deram respostas diferenciadas", com só metade a votarem a favor.
"Cerca de metade dos Estados africanos (28 de 54) votaram a favor, enquanto cerca de um terço (17) absteve-se, só um país, a Eritreia, alinhou com a Rússia e os restantes oito estavam ausentes" na altura da votação, diz a Oxford Economics.
A consultora conclui que "apesar de a maioria dos países que votou a favor serem aliados das democracias ocidentais, algumas exceções à regra sugerem que os Estados africanos estão a dar prioridade ao interesse nacional, mais do que à ideologia".
A invasão russa, iniciada em 24 de fevereiro, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional e muitos países e organizações impuseram sanções à Rússia que atingem praticamente todos os setores.
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