O SPLM/A-IO, a principal força de oposição ao Presidente Salva Kiir, acusa o exército e as forças leais ao chefe de Estado de realizar ataques regulares às suas bases, o último dos quais na segunda-feira, no nordeste do país.
"Não vemos qualquer utilidade em participar em reuniões improdutivas onde as questões são levantadas, mas não resolvidas. (...) Estamos a suspender a nossa participação nas reuniões do RJEMC", o órgão encarregado de acompanhar a implementação do acordo de paz de 2018, explicou hoje o SPLM/A-IO, através de uma declaração.
"Não vemos qualquer razão lógica para participar em reuniões, enquanto as nossas áreas estão a ser atacadas pelo nosso parceiro de paz sem qualquer ação por parte daqueles mandatados para os responsabilizar por estas violações", prossegue-se na nota.
A decisão marca outro revés para a implementação do acordo de paz de 2018, que continua em grande parte por aplicar, mais de dois anos após um Governo de unidade nacional, com Kiir como Presidente e Machar como vice-Presidente, ter tomado posse, em fevereiro de 2020.
Após a independência do Sudão, em 2011, os dois homens mergulharam o seu país numa guerra civil sangrenta, que deixou quase 400.000 mortos e quatro milhões de deslocados, entre 2013 e 2018.
A guerra terminou oficialmente em setembro de 2018, com um acordo de paz que estabelecia um princípio de partilha do poder.
Mas a rivalidade entre Kiir e Machar persiste e a maioria das disposições do acordo fizeram poucos progressos, enquanto o país é flagelado pela violência, fome e uma crise económica marcada por uma inflação galopante.
A ONU advertiu, em fevereiro, que havia um "risco real de um regresso ao conflito", alertando regularmente para a violência e as atrocidades no país.
De acordo com um relatório conjunto da Missão da ONU no Sudão do Sul (Minuss) e do Gabinete dos Direitos Humanos da ONU, publicado no início de março, pelo menos 440 civis foram mortos entre junho e setembro de 2021 na região de Tambura, no Estado da Equatoria Ocidental (sudoeste), durante os combates entre as fações pró-Machar e o exército leal a Salva Kiir.
Numa declaração a denunciar os ataques de segunda-feira, um porta-voz do SPLA-IO, a ala armada do SPLM-IO, afirmou que "estes contínuos ataques intencionais contra o SPLA-IO, não só mostram uma falta de vontade política, mas também uma intenção de trazer o país de volta a uma guerra em grande escala.
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