Segundo a contabilização das Nações Unidas, o número de pessoas que fugiu das suas casas para outras regiões do país atinge quase 6,5 milhões.
No total, cerca de um quarto da população foi forçada a deixar a sua casa devido à guerra. Deste total, cerca de 90% são mulheres e crianças, sendo que a Unicef precisou haver mais de 1,5 milhão de crianças entre os que fugiram.
Na terça-feira, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) dava conta da existência de 3,53 milhões de refugiados ucranianos e referia que cerca de 60% (2,1 milhões) estavam na vizinha Polónia.
Hoje, a agência da ONU listava exatamente 3.626.546 refugiados ucranianos na sua página oficial às 12:00 TMG (mesma hora em Lisboa), ou seja, mais 69.301 pessoas do que a contabilização anterior.
Estes números representam, segundo a ONU, a maior e mais rápida crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial.
Antes deste conflito, a Ucrânia era povoada por mais de 37 milhões de pessoas nos territórios controlados por Kiev, que não incluem a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, nem as áreas do leste sob controlo dos separatistas pró-russos.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) defendeu hoje que "as necessidades dos deslocados internos e dos afetados pelas hostilidades na própria Ucrânia devem ser a principal prioridade", lembrando que "vários outros milhões de pessoas vão ver as suas vidas viradas de cabeça para baixo se a guerra continuar".
Cerca de seis em cada 10 refugiados ucranianos foram para a Polónia, tendo os guardas de fronteira polacos indicado que o número de chegadas é de 2.175.000 pessoas.
"Dois terços desses refugiados querem ficar na Polónia", disse hoje a representante da Organização Mundial da Saúde na Ucrânia, Paloma Cuchi, numa conferência de imprensa realizada em Genebra.
Antes da crise, a Polónia já albergava cerca de 1,5 milhões de ucranianos que iam, na sua maioria, trabalhar naquele país membro da União Europeia.
Segundo a agência de refugiados da ONU, 555.021 pessoas foram para a Roménia e 371.104 para Moldova, enquanto a Hungria recebeu 324.397 ucranianos.
A Eslováquia recebeu, de acordo com o ACNUR, 256.838 ucranianos, a Rússia tornou-se refúgio de quase 271.254 pessoas e a Bielorrússia recebeu 4.938 refugiados.
A Rússia lançou, a 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia, depois de meses a concentrar militares e armamento na fronteira com a justificação de estar a preparar exercícios.
A guerra já matou pelo menos quase mil civis e feriu cerca de 1.500, incluindo mais de 170 crianças, de acordo com as Nações Unidas.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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