"<span class="news_bold">O grupo saqueou sistematicamente bens de civis, incluindo bens alimentares, e queimou casas. Estes atos constituem crimes de guerra e, em alguns casos, como o assassínio deliberado de civis, podem constituir crimes contra a humanidade", advertiu a HRW em comunicado.
Tal como documentado pela organização humanitária, através de imagens de satélite, entrevistas com sobreviventes e provas fornecidas por sobreviventes, as FES atacaram uma aldeia chamada Tayba, no centro do Sudão, deixando quase três dezenas de pessoas mortas, "incluindo crianças".
Os alegados atacantes fazem parte das FES, um grupo liderado por Abu Aqla Kikel, um dos mais proeminentes comandantes das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) até ter desertado em outubro passado para se juntar ao exército: as suas tropas são maioritariamente constituídas por combatentes das comunidades árabes do estado de Al-Jazeera.
De acordo com os depoimentos de alguns sobreviventes, os soldados das FES dispararam indiscriminadamente contra os civis a partir das suas carrinhas pickup e, em seguida, efetuaram um saque generalizado de dinheiro, alimentos e cerca de 2.000 cabeças de gado.
Testemunhas disseram que as pessoas de Tayba estavam desarmadas e não podiam nem tentaram defender-se durante o ataque de 10 de janeiro, uma vez que são uma comunidade maioritariamente agrícola e pertencem a grupos étnicos não árabes do Sudão ocidental e meridional.
"Os grupos armados que lutam ao lado do exército cometeram graves abusos contra civis na sua mais recente ofensiva no estado de Al-Jazeera", afirmou Jean-Baptiste Gallopin, investigador sénior da HRW sobre crises, conflitos e armas, instando as autoridades sudanesas a "investigarem urgentemente todas as alegações de abusos e a condenarem os responsáveis, incluindo os comandantes do exército".
O ataque de 10 de janeiro ocorre no contexto de uma perda acelerada de território por parte das RSF para o exército sudanês.
O conflito já matou dezenas de milhares de pessoas e obrigou cerca de doze milhões a fugir das suas casas, enquanto mais de três milhões procuraram refúgio noutros países desde o início da guerra entre o exército e as RSF, em abril de 2023.
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