Segundo a agência de notícias oficial russa TASS, a multa foi determinada pelo tribunal Ostankinski de Moscovo, ao abrigo de um código de infrações administrativas, que pune as ações públicas destinadas a descredibilizar as Forças Armadas russas.
O mesmo tribunal de Moscovo considerou a jornalista culpada de organizar ou realizar um evento público sem notificação, tendo deliberado a aplicação de uma outra multa num valor de 30.000 rublos (cerca de 252 euros).
Esta multa não foi imposta à jornalista pelo gesto que teve em direto na televisão russa, mas sim por um apelo que fez anteriormente à participação das pessoas em protestos não autorizados contra a guerra na Ucrânia.
Em 14 de março, Marina Ovsiannikova - filha de pai ucraniano e mãe russa - entrou no estúdio de televisão durante o noticiário Vremya (Tempo), do Canal 1, mostrando, atrás da 'pivot', um cartaz com a mensagem "Não à guerra. Ponham fim à guerra. Não acreditem na propaganda. Aqui, estão a mentir-vos. Russos contra a guerra".
Em seguida, foi detida pela polícia e, posteriormente, libertada. A jornalista deixou o canal de televisão em 17 de março, por sua vontade, conforme declarou numa entrevista à emissora France 24.
Em 20 de março, Marina Ovsiannikova voltou a apelar ao povo russo para que denunciasse a ofensiva do exército de Moscovo na Ucrânia.
"Os tempos são muito sombrios e muito difíceis e todas as pessoas que têm uma opinião cívica, e que querem que essa opinião seja conhecida, devem fazer ouvir a sua voz. É muito importante", disse então numa entrevista ao canal de televisão norte-americano ABC.
A jornalista defendeu que "o povo russo é realmente contra a guerra", considerando que esta é "a guerra de Putin, não a guerra popular russa".
Mais de 15.000 pessoas já foram detidas na Rússia desde que começou a ofensiva militar russa no território ucraniano.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.035 mortos, incluindo 90 crianças, e 1.650 feridos, dos quais 118 são menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,70 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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