EUA anunciam sanções contra Myanmar, cujo exército é acusado de genocídio

A administração norte-americana anunciou hoje ter adotado novas sanções contra Myanmar (antiga Birmânia), alguns dias após ter oficialmente declarado que os rohingyas foram vítimas de "um genocídio perpetrado pelo exército birmanês".

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Lusa
25/03/2022 17:19 ‧ 25/03/2022 por Lusa

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EUA

O Departamento do Tesouro "nomeou cinco pessoas e cinco entidades ligadas ao regime militar birmanês", indicou num comunicado.

Na segunda-feira, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, anunciou ter comprovado que "membros do exército birmanês cometeram um genocídio e crimes contra a humanidade contra os rohingyas em 2016 e 2017".

Está em curso um processo no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), a mais alta instância judicial das Nações Unidas, para determinar se o Governo de Myanmar foi culpado de tais crimes.

"Os Estados Unidos concluíram que o exército birmanês perpetrou um genocídio, crimes contra a humanidade e uma limpeza étnica contra os rohingyas [minoria muçulmana]", recordou hoje o Departamento do Tesouro.

"O exército cometeu atrocidades e outros abusos contra membros de outros grupos étnicos e religiosos minoritários durante décadas", acrescentou.

Entre as entidades visadas pelas novas sanções dos Estados Unidos da América (EUA), está a 66.ª divisão de infantaria ligeira (66 LID), uma unidade militar sediada no cantão de Pyay, no sul de Myanmar, que o Departamento do Tesouro norte-americano considera "responsável ou cúmplice de ter direta ou indiretamente utilizado a tortura no país".

O Tesouro norte-americano precisa que membros dessa divisão são acusados "de ter perpetrado o massacre da véspera de Natal em 2021, durante o qual civis dos cantões de Pyay e Hpruso, no estado de Kayah, foram capturados, torturados e mortos", incluindo mulheres, crianças e trabalhadores humanitários.

Washington também impôs sanções a dirigentes ou responsáveis das forças militares ou de segurança de Myanmar, entre os quais "Ko Ko Oo, líder do comando central e chefe do departamento de tecnologia do Ministério da Defesa, e o major-general Zaw Hein, responsável pelo comando Nay Pyi Taw".

O Departamento do Tesouro também tomou como alvo das sanções pessoas acusadas de fornecer armas e equipamento militar ao regime militar de Myanmar, como Naing Htut Aung, um traficante de armas que comprou material a empresas chinesas.

Em concreto, as novas sanções do Tesouro norte-americano preveem o congelamento dos seus eventuais bens nos Estados Unidos e impedem qualquer transação com cidadãos norte-americanos.

Desde o golpe de Estado militar em Myanmar, em fevereiro de 2021, a administração norte-americana, liderada pelo Presidente Joe Biden, impôs uma série de sanções, em particular, a responsáveis da junta militar no poder.

Milhares de rohingyas procuraram refúgio no Bangladesh, em particular na zona de Cox's Bazar, desde meados de agosto de 2017, quando foi lançada, no estado de Rakhine (em Myanmar), uma operação militar do exército birmanês contra o movimento rebelde Exército de Salvação do Estado Rohingya devido a ataques da rebelião a postos militares e policiais.

A campanha de repressão do exército de Myanmar contra esta minoria foi descrita pela ONU como uma limpeza étnica.

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