"Garanto que isso é mentira. Isso não corresponde à realidade", disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, numa conferência de imprensa, sublinhando que "a Rússia não se envolve em tais coisas".
O representante do Kremlin insistiu que "ninguém transfere civis à força para o território russo", explicando que os refugiados ucranianos que deixaram Mariupol, no leste da Ucrânia, para a Rússia o fizeram voluntariamente.
"Os militares russos ajudam os civis a deixar Mariupol, a sair de áreas perigosas", acrescentou Peskov, aproveitando para denunciar que quem tenta fugir da cidade corre o risco de ser "assassinado pelas costas".
No dia anterior, o Ministério da Defesa russo informou que mais de 105.000 pessoas foram retiradas de Mariupol desde o início da campanha militar russa, sem qualquer cooperação das forças ucranianas.
Na semana passada, o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano acusou os militares russos de terem "deportado" pelo menos 6.000 habitantes de Mariupol "para 'campos de filtragem' na Rússia, para usá-los como reféns e exercer pressão política sobre a Ucrânia".
De acordo com a vice-ministra para a Integração, dos territórios temporariamente ocupados da Ucrânia, Irina Vereschuk, o exército russo ocupante transferiu à força um total de 40.000 pessoas para a Rússia através de corredores ilegais não coordenados com Kiev.
Estes refugiados foram colocados em "campos de filtragem", onde os militares russos determinam se são civis ou combatentes, segundo a mesma fonte.
As autoridades ucranianas também criticaram o Comité Internacional da Cruz Vermelha, após a decisão de abrir um escritório de representação na cidade russa de Rostov-on-Don, que Kiev acusa de "acolher de ucranianos deportados à força para a Rússia".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.179 civis, incluindo 104 crianças, e feriu 1.860, entre os quais 134 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 3,9 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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