"A alteração do mecanismo de pagamento é implementada porque, violando as normas do direito internacional, os países membros da União Europeia (UE) congelaram as reservas cambiais do Banco da Rússia", explicou o Kremlin num comunicado onde resume uma conversa telefónica de hoje entre Putin e Scholz.
O Presidente russo também falou com o chefe do governo italiano, a quem explicou igualmente os detalhes desta medida, referiu o Kremlin.
Putin assegurou ao líder alemão que esta decisão "não vai piorar as condições estabelecidas nos contratos para as empresas europeias que importam gás russo", referiu a Presidência russa, que não deu detalhes.
O porta-voz do governo alemão adiantou, entretanto, que o Presidente russo assegurou ao chanceler Olaf Scholz que para já a Europa poderia continuar a pagar o gás russo em euros e não em rublos.
Steffen Hebestreit, disse que Putin garantiu a Scholz que os pagamentos da Europa no próximo mês "continuarão a ser em euros e transferidos, como de costume, para o Gazprom Bank, que não está sujeito a sanções", e que tratará da conversão em rublos.
O chanceler alemão não terá dado o seu acordo a este procedimento mas sim solicitado informações escritas para o compreender melhor, segundo o seu porta-voz.
O Kremlin tinha também adiantado que "foi acordado que haverá conversações adicionais entre peritos de ambos os países".
A Alemanha tem sido um dos países mais relutantes em incluir o setor energético nas sanções contra Moscovo devido à guerra na Ucrânia, uma vez que 55% do gás que consome provém da Rússia.
Após o anúncio de Putin de exigir em rublos o pagamento pelo gás russo, a UE rejeitou categoricamente esta exigência, dizendo que constitui uma violação dos contratos existentes.
Além da questão dos contratos de gás, Putin falou com Scholz e Draghi sobre as negociações entre a Rússia e a Ucrânia realizadas terça-feira, em Istambul, bem como sobre "questões relacionadas com a retirada de civis de zonas de combate, especialmente Mariupol", informou ainda o Kremlin.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.189 civis, incluindo 108 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de quatro milhões para países vizinhos e a ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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