Tártaros da Crimeia exigem que península regresse ao território ucraniano
Representantes dos tártaros da Crimeia exigiram na quarta-feira que o regresso à Ucrânia daquela península anexada pela Rússia em 2014 seja uma das condições estabelecidas por Kyiv nas negociações com Moscovo para terminar o conflito.
© Reuters
Mundo Ucrânia
Após uma reunião 'online', o Medjlis, a assembleia tradicional desta comunidade muçulmana de língua turca estabelecida na Crimeia desde o século XIII, insistiu que regresso à Ucrânia daquele território deve ser uma "condição obrigatória" nas negociações.
"O Medjlis dos Tártaros da Crimeia assume que a restauração da integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas, incluindo a República Autónoma da Crimeia e Sebastopol, deve ser uma condição obrigatória para a realização de negociações oficiais entre os representantes ucranianos e o país agressor, a Federação Russa", sublinhou no Facebook o líder da assembleia, Refat Tchoubarov, citando uma decisão de 18 de março.
Uma nova ronda de negociações entre as delegações russa e ucraniana em Istambul (Turquia) na terça-feira parecia ter levado as partes a um acordo, disseram os enviados, antes de o Kremlin frustrar as esperanças na quarta-feira, dizendo que não via nada "promissor".
O negociador-chefe da delegação da Ucrânia, David Arakhamia, explicou que o seu país estava a exigir um "acordo internacional" que garantisse a sua segurança e propôs que a Crimeia e os territórios de Donbass sob o controlo de separatistas pró-Rússia fossem "excluídos provisoriamente" das negociações.
O lado russo exige, por sua vez, que o acordo inclua o reconhecimento da soberania russa sobre a Crimeia e a independência das duas "repúblicas" separatistas do Donbass, Donetsk e Lugansk.
Os tártaros, que representavam entre 12% e 15% dos dois milhões de habitantes da Crimeia, boicotaram o referendo organizado em 2014 pela Rússia, cuja legalidade não foi reconhecida nem por Kyiv nem pela comunidade internacional.
Por isso, Moscovo interditou o Medjlis, qualificando como organização extremista, e deteve dezenas de representantes do grupo étnico. A ONU denunciou violações de direitos humanos.
Cerca de 30 mil tártaros, mais de 10% da comunidade, incluindo o seu líder Mustafa Djemilev, refugiaram-se noutros locais da Ucrânia.
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