"O objetivo da Europa deve ser um futuro sem gás da Rússia. Zero gasolina. Isto é ambicioso, mas necessário", sublinhou a presidente do Parlamento Europeu (PE) no seu discurso durante uma visita surpresa a Kyiv.
A dirigente europeia visitou esta sexta-feira a Ucrânia para dar "uma mensagem de coragem e esperança" e reiterar o apoio da UE.
Em Kyiv, Roberta Metsola apelou a um "redobrar de esforços" para reduzir a "dependência energética do Kremlin" e manifestou o deseja em "assistir ao momento em que a Europa esteja completamente livre e segura com o abastecimento de energia".
"Neste momento de crise, devemos lembrar que a energia é, e sempre foi, política. A Rússia entende isso há anos", lembrou Metsola, que divulgou o vídeo da sua intervenção completa na capital ucraniana na sua rede social Twitter.
A líder do PE lamentou, perante os deputados ucranianos, que a UE, ao "consumir a energia do Kremlin", esteja a financiar "indiretamente as bombas que caem" na Ucrânia.
Num discurso junto ao parlamento ucraniano (Rada), Metsola assegurou o apoio do PE ao caminho europeu da Ucrânia.
"A Ucrânia é Europa", atirou a maltesa, assegurando que "a União Europeia reconhece as ambições europeias da Ucrânia e suas aspirações de ser um país candidato à adesão".
Metsola assegurou ainda que a UE vai ajudar a reconstruir cidades e vilas ucranianas "quando a invasão ilegal, não provocada e injustificada" da Rússia terminar, fazendo referência à assistência financeira, militar e humanitária europeia já prestada e que "vai continuar e aumentar".
A este respeito, lembrou a conferência de doadores que será organizada em Varsóvia, em 09 de abril, para ajudar na reconstrução da Ucrânia.
Já o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considerou a viagem de Roberta Metsola a Kyiv "heroica".
"Agradeço pessoalmente a você Roberta, e à sua equipa, num momento tão importante para o nosso país (...) quando os ucranianos acreditam em ações e medidas concretas, para mostrar heroísmo, porque atualmente é heroísmo vir para a Ucrânia", salientou o chefe de Estado ucraniano na receção à delegação europeia.
"Vir aqui é um sinal muito importante. Estamos gratos a si e não vamos esquecer isso", acrescentou.
Também o primeiro-ministro ucraniano Denys Shmyhal considerou a visita surpresa da presidente do Parlamento Europeu a Kiev "um poderoso sinal de apoio político".
Metsola é o primeiro representante de uma instituição europeia a viajar para a Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro.
Antes, em 15 de março, os primeiros-ministros da Polónia, Mateusz Morawiecki, da República Checa, Pietr Fiala, e da Eslovénia, Janez Jansa, também tiveram uma iniciativa semelhante.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.276 civis, incluindo 115 crianças, e feriu 1.981, entre os quais 160 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4,1 milhões de refugiados em países vizinhos e cerca de 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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