"Nós estamos no meio de uma crise. Desde a invasão, em cinco semanas, tivemos 25 por cento da população que teve de se deslocar da sua casa e procurar refúgio e segurança noutras partes do país ou fora de fronteiras", afirmou, em entrevista à Agência Lusa, Saviano Abreu.
A ONU estima que sete milhões de ucranianos são hoje deslocados internos por causa da guerra, um número que aumenta se forem contabilizados os que fugiram para o exterior (quatro milhões).
"Os serviços que estamos a prestar à população infelizmente ainda não são suficentes para atender às necessidades humanitárias", admitiu o responsável, que se mostrou preocupado com o acesso a zonas de conflito e reforçou o apelo ao apoio internacional.
"Infelizmente", a ajuda disponível "ainda não é suficiente para atender as necessidades humanitárias de toda essa população que está precisando desse tipo de ajuda".
Num mês, o escritório da OCHA no país, que dava apoio no leste da Ucrânia, passou a dar apoio em todo o país. "Em setembro do ano passado, para dar um exemplo, tinha umas 80 organizações humanitárias prestando esse serviço aqui. Hoje somos 160 organizações", explicou.
Saviano Abreu estima que, dentro em breve, a ONU terá de dar apoio direto de ajuda humanitária a 1,4 milhões de pessoas. "Estamos falando de água, de comida, de serviço, de proteção, de educação, das coisas mais básicas, como um cobertor, uma manta para as pessoas que precisam", explicou.
Há umas semanas, aquando do início do conflito, a ONU fez um apelo a doações e recebeu a promessa de apoios no valor de 1,2 mil milhões de dólares (10,8 milhões de euros), mas, até ao momento, a organização só recebeu meio milhão de dólares (4,5 milhões de euros).
Na ocasião houve "um compromisso muito generoso de vários países do mundo", mas isso "infelizmente não se concretizou" até agora.
No total, as Nações Unidas estimam um custo de 1,1 mil milhões de dólares (9,9 milhões de euros) para dar apoio humanitário na Ucrânia, estando contabilizado um valor adicional de 600 milhões de dólares (5,3 milhões de euros) para os refugiados nos países vizinhos.
A somar a estas dificuldades, Saviano Abreu teme que o prolongamento da guerra leve a um "cansaço mediático" que prejudique as doações internacionais.
"Mesmo que [o conflito] se resolva agora, com o impacto que teve aqui no país, nós precisamos de uma resposta humanitária que vai durar muitos meses", porque, exemplificou, "50% da população da Ucrânia perdeu o trabalho".
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