"Parto muito satisfeito", disse no avião de regresso a Espanha numa conversa informal com os jornalistas que o acompanharam na viagem, destacando o conteúdo da declaração conjunta dos dois países divulgada no final do seu encontro e o posterior jantar com o monarca, que descreveu como um "marco".
Dessa declaração sublinhou o acordo para o restabelecimento "imediato e gradual" das ligações marítimas e de passageiros, assim como o início dos preparativos para a operação de "Passagem do Estreito" (coordenação para maior tráfico durante principalmente o verão), além da reabertura "ordenada" das fronteiras marítimas e terrestres, que inclui os enclaves de Ceuta e Melilla no norte de África, embora estes não sejam mencionados.
Outro dos pontos destacados é o da decisão de reativar "o grupo de trabalho sobre a delimitação dos espaços marítimos", que tem a ver com as águas territoriais em conflito entre Espanha e Marrocos, que afetam as Ilhas Canárias, com o objetivo de alcançar progressos concretos no quadro da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.
Quanto ao jantar com o monarca, o tradicional "iftar", com que se interrompe o jejum durante o Ramadão (mês sagrado dos muçulmanos a decorrer até final de abril), explicou que falaram de várias questões, incluindo da Ucrânia, mas não do Saara Ocidental e das posições dos diferentes partidos políticos em Espanha, contrárias à do governo.
Segundo um comunicado do Governo espanhol, durante a audiência que manteve antes do jantar com o rei de Marrocos, Sánchez "reafirmou a posição de Espanha sobre o 'dossier' do Saara Ocidental, considerando a iniciativa marroquina de autonomia a base mais séria, realista e credível para a resolução do conflito".
A nota explica que o monarca marroquino e o primeiro-ministro espanhol reiteraram a intenção de abrir uma nova etapa nas relações entre os respetivos países "assente no respeito mútuo, na confiança recíproca, na concertação permanente e na cooperação franca e leal".
Espanha, que ainda é considerada a potência administrativa colonial do Saara ocidental desde que abandonou o território, em 1975, defendeu durante muito tempo que o controlo de Marrocos sobre o Saara ocidental era uma ocupação e que a realização de um referendo patrocinado pela ONU deveria ser a forma de decidir a descolonização do território.
Mas, em março deste ano, mudou de ideias, tendo Pedro Sánchez enviado a Mohammed VI uma carta reconhecendo "a importância da questão do Saara para Marrocos" e considerando uma proposta para criar um Saara Ocidental autónomo controlado por Rabat como uma iniciativa que pode solucionar décadas de disputa pelo vasto território.
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