Os momentos insólitos da campanha eleitoral em França

Fora os temas importantes da campanha como a Guerra na Ucrânia ou o poder de compra dos franceses nos próximos cinco anos, a campanha presidencial francesa ficou marcada por gestos poucos presidenciais, campanhas no Tinder e o amor aos gatos.

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Lusa
09/04/2022 14:29 ‧ 09/04/2022 por Lusa

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França

A campanha da primeira volta das eleições presidenciais em França, que acontece já no domingo, durou oficialmente duas semanas, mas muitos candidatos começaram a percorrer o país com mais de um ano de antecedência. A pré-campanha ficou marcada pela ascensão do candidato Eric Zémmour, ex-jornalista e comentador político, que, com as suas ideias anti-imigração, dominou durante alguns meses o debate público.

O fulgor começou, no entanto, a desvanecer-se quando, no final de novembro de 2021, numa visita a Marselha, Eric Zémmour respondeu a uma transeunte que lhe mostrou o dedo com o mesmo gesto, algo inédito para um candidato ao Eliseu.

Notícias ao Minuto O momento em questão© Getty  

O ex-jornalista mostrou-se arrependido em seguida, especialmente porque o episódio foi registado pelos meios de comunicação que o acompanhavam. Surgiram então críticas dos outros candidatos, considerando que o gesto não era digno de um Presidente.

Já em 2022, com o suspense ainda sobre a candidatura de Emmanuel Macron - que só entrou oficialmente na corrida no início de março -, em fevereiro, os jovens ligados à sua campanha anunciaram querer lançar uma campanha para apelar ao voto dos jovens nas aplicações de encontros mais usadas em França: Tinder, Grindr e Bumble. O braço jovem da campanha queria criar falsos perfis nestas aplicações com frases como "Eu voto e tu? Vem fazer 'match' pela democracia".

A aplicação Tinder veio logo recusar este tipo de utilização da sua plataforma, alegando que não apoia a criação de perfis falsos, nem a utilização do seu sistema para fins políticos.

A internet também foi aproveitada por Marine Le Pen, mas de forma diferente. Há quase dois anos que quer no Twitter, quer no Instagram, a candidata da extrema-direita dá a conhecer a sua paixão por gatos, tendo-se tornado mesmo criadora oficial da raça de gatos Bengal. Uma paixão sobre a qual não hesitou em falar durante a campanha.

Nas vésperas do início da campanha oficial, Marine Le Pen visitou Guadalupe, um arquipélago francês na América Central. Esta foi uma visita histórica, já que a União Nacional não é uma força política bem vista nos territórios ultramarinos. No entanto, ao contrário do que era esperado, a visita começou bem, com várias pessoas a receberem Le Pen, logo no aeroporto.

No final desse mesmo dia, Marine Le Pen estava no seu hotel a dar uma entrevista para uma televisão francesa, em direto, quando o estúdio improvisado foi invadido por manifestantes, que tentaram agarrar a candidata, tendo-lhe mesmo arrancado o microfone de lapela. Foi necessária a intervenção dos membros da sua segurança que conseguiram retirá-la do local.

Os cerca de 40 manifestantes que invadiram a varanda onde se encontrava Marine Le Pen faziam parte de dois movimentos independentistas que lutam pelo fim do domínio francês em Guadalupe.

A candidata da direita, Valérie Pécresse, também teve alguns percalços na campanha. A meio de março, num encontro com pequenas e médias empresas, a candidata foi borrifada com confetes cor de rosa lançados por dois membros de um coletivo de esquerda radical que foram detidos em seguida. Na semana anterior, este mesmo coletivo tinha lançado um ovo contra Eric Zémmour.

Alguns dias mais tarde, foi a covid-19 que entrou na campanha de Valérie Pécresse, com a candidata a testar positivo, deixando-a assim fora das reuniões públicas, presencialmente. A sua equipa de campanha rapidamente organizou dezenas de reuniões Zoom, na reta final da campanha.

As eleições presidenciais francesas contam com 12 candidatos e a primeira volta vai decorrer já a 10 de abril, com a segunda volta a acontecer a 24 de abril, entre os dois candidatos mais votados.

Leia Também: Mali. Macron garante "mobilização plena" estatal para libertar jornalista

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