"Acabamos de impor pesadas sanções à Rússia e estamos a preparar-nos para uma sexta onda", anunciou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na sexta-feira, durante uma visita a Kyiv, na Ucrânia, acompanhada do chefe da diplomacia Josep Borrell.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, continua a pedir a todos os seus interlocutores europeus "a adoção de sanções poderosas", entre as quais a suspensão das compras de petróleo e gás russo e o fornecimento de armas pesadas para resistir à ofensiva anunciada na região de Donbass (leste).
Josep Borrell anunciou a intenção de lançar a discussão sobre um embargo de petróleo na segunda-feira, mas um alto funcionário europeu, citado pela agência France-Presse, admitiu não estar ainda em cima da mesa "uma proposta formal".
"É necessária a unanimidade para a adoção de sanções. Podemos ver claramente as dependências face à Rússia em vários Estados-membros", sublinhou, acrescentando que a UE não irá "apresentar algo que não vai passar" e que "as propostas devem ser feitas na hora certa".
A Alemanha, a Itália, a Áustria e a Hungria são alguns países dependentes do gás russo.
Desde o início da guerra na Ucrânia no final de fevereiro, o Kremlin faturou 27,3 mil milhões de dólares (25,1 milhões de euros) com a venda de petróleo, gás e carvão à UE, segundo a diretora do Instituto Austríaco para a Europa e a Política de Segurança (AIES), Velina Tchakarova,
A UE decretou um embargo às compras de carvão, mas o seu valor é muito inferior ao do gás e do petróleo.
A par com as sanções, os ministros vão validar a atribuição de mais 500 milhões de euros para financiar e entregar novas armas a Kyiv, segundo vários diplomatas da UE.
"As sanções são importantes, mas não resolverão o problema em Donbass. A batalha em Donbass será decisiva para o desfecho da guerra", disse Josep Borrell.
Durante a reunião, os ministros discutirão com o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, o apoio da UE para investigações sobre possíveis crimes de guerra na Ucrânia.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.626 civis, incluindo 132 crianças, e feriu 2.267, entre os quais 197 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,4 milhões para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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