Perante a fuga de milhares de ucranianos da autoproclamada República Popular de Donetsk, outros tantos animais de estimação ficaram para trás, deixados à sua sorte. Com o carro cheio de transportadoras, Yulia procura cães e gatos abandonados na região, esperando encontrar-lhes novas casas na Rússia.
Yulia, de Donetsk, contou à Reuters já ter feito a viagem até à fronteira russa nove vezes, com 18 animais de estimação de cada vez. Aí, os animais são entregues a voluntários russos, liderados por Irina Marchenko, dona de uma loja de animais de estimação em Moscovo.
“Em Donetsk não sabemos onde lhes encontrar novas casas, porque tantas pessoas estão a deixar a cidade”, explica Yulia, acrescentando que se sentiu obrigada a ajudar – mesmo que isso implique passar horas dentro de um carro com gatos mal comportados e cachorrinhos a guinchar.
Foi Irina quem organizou a operação de resgate dos animais, entrando em contacto com vários residentes de Donetsk nas redes sociais e oferecendo-se para lhes dar abrigo temporário, ou para lhes encontrar novas casas em Moscovo.
“Quando acordei no dia 24 de fevereiro, soube que muitos animais acabariam na rua, e que as pessoas não conseguiriam trazê-los [ao fugir]”, recordou.
“Queríamos salvar todos os animais que foram abandonados, que nunca tinham vivido na rua e que não sobreviveriam”, rematou.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já matou pelo menos 1.842 civis, incluindo 148 crianças, e feriu 2.493, entre os quais 233 menores, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas.
Além disso, o conflito já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,5 milhões para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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