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Quem é Medvedchuk, o pró-Kremlin que Zelensky quer trocar por ucranianos?

Nasceu em 1954 em Pochet, que, na altura, fazia parte da União Soviética. Fez parte do gabinete do presidente da Ucrânia e convidou o presidente russo, Vladimir Putin, para ser padrinho da sua filha mais nova. Assumidamente contra a entrada da Ucrânia na UE e na NATO, fugiu para a Suíça após a revolução ucraniana de 2014. Quem é, afinal, Viktor Medvedchuk?

Quem é Medvedchuk, o pró-Kremlin que Zelensky quer trocar por ucranianos?

Viktor Medvedchuk foi detido, na terça-feira, pelos Serviços de Segurança ucranianos numa “operação especial”. Usava um uniforme militar com uma bandeira da Ucrânia “para se disfarçar” e, horas após a sua detenção, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, propôs à Rússia libertá-lo numa troca com ucranianos capturados. Mas, afinal, que interesse tem este deputado ucraniano para o Kremlin?

Nasceu em Pochet, que, na altura, fazia parte da União Soviética. Terminou o curso de Direito em 1978 e, no ano seguinte, era apontado como advogado de defesa do poeta Yuriy Lytvyn, um conhecido dissidente soviético que denunciou a sua “passividade” enquanto advogado. Já em 1980, foi apontado como advogado de Vasyl Stus, que, segundo a imprensa ucraniana, terá negado a defesa.

Entraria para o parlamento ucraniano em 1997, enquanto deputado do Partido Social Democrata da Ucrânia. Entre 2002 e 2005 exerceu funções enquanto chefe do gabinete do presidente ucraniano pró-Kremlin, Leonid Kravchuk. Foi enquanto exerceu tal cargo que privou com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, quem viria a convidar para ser padrinho da sua filha mais nova, em 2004.

Medvedchuk esteve afastado da política até 2018. Contudo, em 2012, criou a organização Ukrainian Choice, que se assumia contra a adesão da Ucrânia à União Europeia (UE) e à aliança transatlântica NATO. Foi também manifestamente contra o protesto Euromaidan - onde, entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014, milhares de manifestantes pediram uma maior integração europeia - e, após a deposição do então presidente pró-russo Viktor Yanukovych, fugiu para a Suíça. Foi alvo de sanções por parte dos Estados Unidos da América (EUA) pelo seu papel na anexação russa da Crimeia. 

Regressaria no ano seguinte, em 2015, com o objetivo de mediar as negociações de paz entre o governo ucraniano e os líderes separatistas das regiões de Donetsk e Lugansk.

Em 2018, fundou o partido pró-Rússia Plataforma da Oposição - Pela Vida, um dos 11 partidos extintos por Zelensky no mês passado devido a ligações à Rússia. Na altura da extinção, o partido contava com cerca de 30 deputados no parlamento ucraniano. 

No ano passado, em maio, foi acusado pelo Ministério Público da Ucrânia de “traição ao mais alto nível” e de “tentativa de roubo de recursos naturais na Crimeia”, esquema que tinha como objetivo financiar os líderes das regiões separatistas. 

Acabou por ser condenado a prisão domiciliária, controlado por pulseira eletrónica, A 26 de fevereiro, dois dias após o início da invasão russa da Ucrânia, a polícia ucraniana notificou o seu desaparecimento durante uma visita de controlo.

Segundo a revista Forbes, era, em 2021, o 12.º homem mais rico da Ucrânia, com uma fortuna avaliada em 620 milhões de dólares, cerca de 572 milhões de euros. 

O presidente ucraniano ofereceu ontem “a troca deste homem” pelos “meninos e meninas” ucranianas “atualmente em cativeiro na Rússia”. Numa mensagem, publicada na aplicação Telegram, Zelensky reforçou a importância das forças policiais e militares considerarem esta possibilidade. 

"Ofereço à Federação Russa a troca deste homem pelos nossos meninos e meninas que estão atualmente em cativeiro na Rússia", salientou o chefe de Estado ucraniano num vídeo divulgado na rede social Telegram.

Assinala-se, esta quarta-feira, o 49.º dia da invasão russa da Ucrânia. No total, a guerra já fez mais de 1.800 mortos entre a população civil, segundo dados confirmados pela Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta que o número real pode ser muito maior.

[Notícia atualizada às 10h00]

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