O líder ucraniano afirmou que os países europeus que continuam a comprar petróleo russo estão a favorecer as respetivas economias "graças ao sangue dos outros".
"Alguns dos nossos amigos e parceiros, pelo contrário, compreenderam que os tempos mudaram, que já não estamos perante um problema de negócios ou dinheiro. Estamos perante uma questão de sobrevivência", disse o líder ucraniano.
"Os Estados Unidos, o Reino Unido e alguns países europeus estão a tentar ajudar, e de facto estão a ajudar, mas necessitámos que o façam mais rapidamente", acrescentou o Presidente ucraniano.
Numa referência à situação na cidade portuária de Mariupol (leste ucraniano), há várias semanas sob intensos bombardeamentos russos, o governante indicou que "para além das dezenas de milhares de pessoas que morreram, muitas mais estão desaparecidas".
"Sabemos que os seus documentos foram substituídos. Deram-lhes passaportes russos e enviaram-nos para a Rússia profunda. Alguns para o campo, outros para cidades. Ninguém sabe o que está a acontecer a essa gente. Ninguém sabe quantos foram assassinados", afirmou.
Zelensky sublinhou que as alegadas atrocidades cometidas pelas tropas russas em Mariupol, Bucha e outros locais na Ucrânia reduziram a possibilidade de garantir o êxito das negociações de paz.
"Bucha está a provocar que se fechem" as possibilidades de um acordo, disse na mesma entrevista à televisão pública britânica.
Bucha é uma localidade a noroeste de Kiev onde foram descobertos dezenas de corpos após a retirada das forças russas e onde estão a ser investigados crimes de guerra.
O líder ucraniano também defendeu a sua gestão política nas semanas prévias à invasão russa, quando o seu Governo exortou os ucranianos a manterem a calma e refreou as perspetivas de um ataque.
Assim, explicou que durante esses dias o seu executivo esteve envolvido na conclusão de acordos que permitissem a compra de armamento e outros fornecimentos, e evitar que o pânico alastrasse entre a população.
"Isso era o que pretendia a Rússia, e não apenas a Rússia, mas não deixámos que ocorresse", indicou.
"Podem destruir-nos, mas responderemos. Podem matar-nos, mas eles também morrerão. Não consigo compreender porque vieram", acrescentou Zelensky.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 50.º dia, provocou um número de baixas civis e militares ainda por determinar, mas que diversas fontes admitem que será consideravelmente elevado.
O conflito também levou à fuga de quase 12 milhões de pessoas, incluindo 4,7 milhões para países vizinhos.
A comunidade internacional reagiu à invasão russa com sanções económicas e políticas contra Moscovo, e com o fornecimento de armas a Kiev.
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