O chefe de Estado do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, demitiu dois dos irmãos e um sobrinho do Governo, mantendo, no entanto, o seu irmão mais velho, Mahinda Rajapaksa -- considerado o líder do clã Rajapaksa -, como primeiro-ministro do país.
O novo Governo tem agora 21 ministros, sete a menos que o anterior, que renunciou em bloco há duas semanas face à indignação pública em relação ao nepotismo e aos gastos públicos no Governo.
Os ministros recebem vários carros, um grande contingente de seguranças e subsídios ilimitados para combustível, alojamento e lazer.
O novo ministro das Finanças, Ali Sabry, está a liderar uma delegação em Washington, nos Estados Unidos, que vai iniciar conversações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a partir de terça-feira, disseram autoridades.
Hoje, pelo décimo dia consecutivo, dezenas de milhares de pessoas mantêm o cerco ao escritório do Presidente, em Colombo, e exigem que o clã Rajapaksa abandone o poder.
O Sri Lanka, no auge de sua pior crise económica desde a independência em 1948, falhou na terça-feira passada o pagamento relativo à sua dívida externa de 51 mil milhões de dólares (47,2 mil milhões de euros) e está procura obter um empréstimo de entre três a quatro mil milhões de dólares (2,7 a 3,7 mil milhões de euros) junto ao FMI.
A crise sem precedentes, atribuída à pandemia da covid-19 que privou esta ilha do sul da Ásia dos rendimentos obtidos pelo turismo, foi agravada por uma série de más decisões políticas, segundo os economistas.
O país de 22 milhões de habitantes sofre há meses com a escassez de bens essenciais (alimentos, combustíveis, medicamentos), longos cortes diários de energia e uma inflação recorde.
Para corrigir a situação, o Governo começou a proibir muitos produtos importados a partir de março de 2020, a fim de preservar as suas reservas em moeda estrangeira e usá-las para pagar a dívida.
Além de uma série de aliados que o abandonaram, há duas semanas, o Presidente Rajapaksa ficou também sem a sua maioria parlamentar.
Os partidos de oposição, que rejeitaram o convite para formar um governo de unidade liderado por Gotabaya Rajapaksa e Mahinda Rajapaksa, disseram que tentariam derrubar o Governo com um voto de censura nas próximas semanas.
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