Os novos dados, relativos ao período entre 01 e 17 de abril, são avançados pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), agência que integra o sistema da ONU.
Segundo a organização, liderada pelo português António Vitorino, este número de deslocados internos representa 17% da população da Ucrânia.
O fluxo registado nos primeiros 17 dias deste mês constitui uma subida de 9% em relação à última avaliação feita pela OIM (divulgada a 01 de abril) e de 19% em comparação ao primeiro levantamento, publicado em 16 de março.
Esta nova contabilização, cujo trabalho de campo foi realizado entre 11 e 17 de abril, revela que as mulheres representam pelo menos 60% dos deslocados.
Mais de metade dos deslocados internos -- principalmente no leste da Ucrânia -- relataram ter falta de alguns produtos alimentícios e quase um terço (28%) das famílias com crianças menores de 5 anos admitiram ter problemas para conseguir comida suficiente para os filhos desde o início da guerra.
As necessidades mais prementes identificadas são dinheiro e acesso a apoio financeiro, seguido de medicamentos e equipamentos médicos.
"Mulheres e crianças, idosos e pessoas com deficiência foram desproporcionalmente afetados [pela guerra], pois todos representam um grupo de pessoas altamente vulnerável", afirmou o diretor-geral da OIM, António Vitorino, citado pelo comunicado da organização, hoje divulgado.
"O nosso trabalho de apoio às pessoas que são forçadas a fugir das suas casas e a todas as populações vulneráveis afetadas pela guerra continua, mas um cessar-fogo humanitário é crucial para permitir a entrega de ajuda e o acesso a comunidades de difícil acesso", sublinhou Vitorino.
Entre os deslocados, 15% planeiam regressar às suas casas nas próximas duas semanas, dirigindo-se sobretudo para a capital ucraniana, Kiev, e norte do país, enquanto 8% refere ter as suas casas destruídas pelos ataques.
Além das entregas contínuas de bens humanitários em larga escala, a OIM identificou que uma das formas mais eficazes de ajudar estas pessoas que foram forçadas a procurar refúgio longe das respetivas casas, dentro da Ucrânia ou em outros países, é fornecer apoio monetário.
Por isso, "estão em curso preparativos para aumentar esta assistência, em estreita coordenação com as agências da ONU, o Governo da Ucrânia e as autoridades locais", explicou a OIM.
Além disso, a organização está a lançar um amplo programa de reabilitação de abrigos para fornecer às pessoas deslocadas que estão em centros coletivos "acesso a condições de vida seguras e dignas".
Desde o início da guerra, pelo menos 150.000 pessoas receberam assistência direta da OIM na Ucrânia, incluindo alimentos, itens de higiene, dinheiro, apoio psicossocial e de saúde mental, bem como informação para ajudar a prevenir o tráfico de seres humanos e exploração e abuso sexual, concluiu a OIM.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de cinco milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU que refere tratar-se da pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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