"O acolhimento na Polónia daqueles que fogem da guerra na Ucrânia é uma mudança positiva em relação à resposta a outras crises, mas a falta de medidas básicas de proteção corre o risco de expor os refugiados a sérios abusos", disse Hillary Margolis.
A investigadora de direitos das mulheres da Human Rights Watch (HRW) disse que o governo polaco tem deixado o acolhimento nas mãos de voluntários e ativistas, o que "coloca o ónus da segurança dos refugiados em pessoas bem-intencionadas, mas maioritariamente sem formação nem os sistemas ou apoio necessários".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia, conflito levou mais de 5,3 milhões de pessoas a fugir, na pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A maioria dos refugiados são mulheres e crianças, em grande parte devido à imposição na Ucrânia da lei marcial, que exige aos homens entre 18 e 60 anos que permaneçam no país, disse a HRW, indicando que mais de 2,9 milhões de refugiados chegaram à Polónia.
Depois de entrevistas nas fronteiras na Ucrânia e em centro de receção de refugiados, o relatório identificou uma falta de medidas sistemáticas de segurança ou meios para identificar, prevenir ou responder à violência de género, incluindo tráfico, exploração sexual e violação.
Alguns entrevistados disseram à HRW terem conhecimento de casos de violência de género.
Não foi criada qualquer medida para garantir a segurança de transportes ou alojamento oferecido aos ucranianos e a dificuldade de encontrar trabalho está "a deixar alguns refugiados à beira do precipício", referiu o relatório.
A HRW disse ter pedido ao governo da Polónia, sem obter resposta, que desenvolva e implemente imediatamente protocolos consistentes para garantir proteção nos pontos de receção e para transporte e alojamento de refugiados.
A ONU confirmou na quarta-feira que pelo menos 2.787 civis morreram e 3.152 ficaram feridos devido à invasão russa da Ucrânia, mas manteve o alerta para a probabilidade de os números serem consideravelmente superiores.
Cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia, segundo a ONU.
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