Os Estados Unidos não acreditam que exista algum perigo de a Rússia levar as suas ameaças avante no que toca o uso de armas nucleares, apesar da retórica de Moscovo.
“Continuamos a monitorizar as capacidades nucleares [da Rússia] todos os dias o melhor que podemos, e não identificámos qualquer ameaça quanto ao uso de armas nucleares, nem qualquer ameaça ao território da NATO”, disse um oficial da Defesa dos EUA à Reuters, que permaneceu anónimo.
Recorde-se que Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, alertou na segunda-feira para o “perigo real” de uma III Guerra Mundial, criticando a posição da Ucrânia durante as negociações de paz, numa entrevista do governante a agências de notícias russas.
O porta-voz do Pentágono, John Kirby, reagiu a estas declarações na quarta-feira, classificando-as como “irresponsáveis”, não sendo “o que se deveria esperar de um poder nuclear moderno”.
Dois dias depois da ofensiva militar ter começado, o próprio presidente russo, Vladimir Putin, lembrou que tem armamento nuclear disponível, que poderá ser usado caso alguém ousar utilizar meios militares para tentar impedir a invasão russa da Ucrânia.
Ainda assim, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse esta semana que não esperava que os ‘falhanços’ militares russos na Ucrânia levassem aquele país a usar armas nucleares, acrescentando que o líder russo ainda tem oportunidade de colocar um ponto final ao conflito e retirar-se de solo ucraniano.
No início deste mês, William Burns, diretor da Agência Central de Inteligência norte-americana (CIA), salientou que, apesar de não ter provas quanto ao uso de armas nucleares por parte da Rússia, essa possibilidade não pode ser encarada de ânimo leve.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva russa na Ucrânia já matou mais de 2.700 civis, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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