Cerca de 100 civis foram resgatados da siderúrgica Azovstal, durante o fim-de-semana, segundo as autoridades ucranianas. Natalia Usmanova é uma das mulheres que estão a ser retiradas dos bunkers no complexo fabril em Mariupol, numa primeira fase.
"Tive medo de que o bunker não aguentasse", contou a ucraniana à Reuters, referindo-se ao impacto dos bombardeamentos que, já há 68 dias, têm vindo a ocorrer por todo o país.
"Quando o bunker começou a tremer, eu fiquei histérica, o meu marido pode confirmar: estava muito preocupada que o bunker se 'afundasse'", explicou a mulher de 37 anos.
A 30 km de Mariupol, na aldeia de Bezimenne, na região separatista de Donetsk, que está controlada pelas tropas russas, Natalia conta que nos bunkers pairava o medo e que também havia falta de oxigénio: "Nós não vimos o sol durante muito tempo".
"Não imaginam o que nós passamos (...). Eu vivi lá [Mariupol], eu trabalhei lá, mas o que nós vimos foi horrível", contou à Reuters, sublinhando que, na retirada, que teve a ajuda da Organização das Nações Unidas e da Cruz Vermelha, 'brincou' até com marido, dizendo-lhe que agora já não precisariam de ir à casa de banho com uma lanterna.
Recorde-se que a operações de resgaste em Azovstal está prevista continuar esta segunda-feira, não havendo, no entanto, ainda confirmações de que se está a realizar com sucesso.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou cerca de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de 5,4 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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