Numa resolução hoje aprovada na sessão plenária da assembleia europeia, na cidade francesa de Estrasburgo, os eurodeputados "expressam a sua preocupação com o aumento da instabilidade na África Ocidental e no Sahel, condenando veementemente a violência e as mortes na região, incluindo os abusos cometidos no contexto de operações militares", indica a instituição em comunicado.
Na resolução (aprovada por votação de mão no ar), os parlamentares dizem também estar "profundamente preocupados com o estado da democracia e com os recentes golpes de Estado", apelando por isso a "todos os líderes golpistas que estabeleçam limites claros para a duração da transição política e que garantam um rápido regresso à ordem constitucional e a organização de eleições transparentes e inclusivas".
Para o Parlamento Europeu, "qualquer cooperação política e de segurança a longo prazo com os atores da UE exigirá calendários realistas para um regresso à democracia, incluindo marcos claros e mensuráveis".
"Preocupados com a crescente presença de grupos terroristas na região do Sahel e da África Ocidental, os eurodeputados apontam para o crescente empobrecimento das pessoas que constitui a base socioeconómica do desenvolvimento do terrorismo", refere a instituição à imprensa.
No documento aprovado, os eurodeputados afirmam ainda apoiar as ações da União Africana e as ações e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para defender a democracia e o Estado de direito.
Falando na quarta-feira no debate em plenário, a comissária europeia para as Parcerias Internacionais, Jutta Urpilainen, disse que a União Europeia (UE) não vai abandonar o Sahel devido à instabilidade em que se encontra aquela região africana, embora exigindo mais empenho político e responsabilização aos países.
"Que fique claro que não vamos abandonar o Mali ou o Sahel", que "continua a ser uma prioridade para a UE", salientou Jutta Urpilainen, intervindo num debate sobre a situação daquela região africana que engloba 11 países: norte do Senegal, sul da Mauritânia, Mali, norte de Burkina Faso, extremo sul da Argélia, Níger, norte da Nigéria, centro do Chade e Sudão, Eritreia e norte da Etiópia.
Porém, alertou: "Só podemos trabalhar com quem quiser trabalhar connosco, sendo mais exigentes na necessidade de um compromisso político reforçado e de uma maior responsabilização".
A UE já veio denunciar a presença de mercenários do grupo russo de segurança privada Wagner em diferentes países africanos, que compromete o trabalho realizado há anos para fortalecer a defesa dos estados severamente afetados pelo terrorismo 'jihadista'.
Enfraquecida pela crise do Sahel, a África Ocidental foi ainda mais desestabilizada pelos golpes militares que ocorreram sucessivamente no Mali (agosto de 2020 a maio de 2021), Guiné-Conacri (setembro de 2021) e Burkina Faso (janeiro de 2022).
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