No sábado, o Presidente da Turquia, Recep Erdogan, manifestou-se desfavorável à entrada da Finlândia e da Suécia na NATO, por acolherem militantes curdos que a Turquia considera terroristas.
Contudo, hoje, durante uma conferência de imprensa para anunciar a intenção da Finlândia de aderir à NATO, o Presidente finlandês, Sauli Niinistö, revelou estar surpreendido com a posição assumida pela Turquia, uma vez que Erdogan tinha previamente manifestado apoio à adesão do país nórdico à aliança.
"Tive uma conversa telefónica com o Presidente Erdogan, há cerca de um mês. Na verdade, foi ele que abordou o assunto, antes de eu ter oportunidade de o fazer. Ele disse: 'Vão candidatar-se à NATO e nós vamos aprovar'. Agradeci-lhe e ele ficou contente com o agradecimento. Portanto, como podem compreender estou um pouco confuso", afirmou Sauli Niinistö.
Durante esta conferência de imprensa, na qual participou também a primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, o chefe de Estado finlandês abordou igualmente as relações futuras entre o país nórdico e a Rússia.
"A relação entre a Finlândia e a Rússia irá mudar, certamente, e tenho a certeza de que a Rússia partilha a mesma opinião. Mas existem questões diárias que exigem uma cooperação", apontou.
O Presidente finlandês, Sauli Niinistö, telefonou no sábado ao homólogo russo, Vladimir Putin, para abordar a candidatura de adesão da Finlândia à NATO, anúncio que foi mal recebido por Moscovo.
"A conversa foi direta e decorreu sem contrariedades. Evitar as tensões foi o ponto considerado relevante", disse o chefe de Estado finlandês através de um comunicado à imprensa, citado pela AFP.
Por seu lado, segundo um comunicado do Kremlin, Vladimir Putin considerou que o fim da neutralidade militar da Finlândia seria um "erro."
"Vladimir Putin sublinhou que o fim da política tradicional de neutralidade militar seria um erro, já que não existe qualquer ameaça à segurança da Finlândia", disse o comunicado.
Para permitir a adesão da Finlândia e da Suécia à NATO, é necessário o aval dos 30 membros da Aliança Atlântica, o que significa que a Turquia poderá bloquear a adesão dos dois países escandinavos, cuja candidatura deverá ser formalizada nos próximos dias.
Na sequência da guerra na Ucrânia, a Finlândia e a Suécia iniciaram um debate sobre a adesão à NATO, que, a concretizar-se, significará o abandono da histórica posição de não-alinhamento dos dois países.
A Rússia, que partilha 1.340 quilómetros de fronteira terrestre com a Finlândia e uma fronteira marítima com a Suécia, avisou que será forçada a tomar medidas de retaliação se Helsínquia aderir à NATO.
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