Unionistas da Irlanda do Norte querem "ação" e não apenas palavras

O líder do Partido Democrata Unionista (DUP), Jeffrey Donaldson, afirmou hoje que só viabilizará um governo na Irlanda do Norte se o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, adotar "ação decisiva" e não se ficar pelas palavras.

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Lusa
16/05/2022 18:46 ‧ 16/05/2022 por Lusa

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Irlanda do Norte

"Já ouvimos as palavras, agora estamos à espera da ação. É isso que esperamos do nosso Governo, do nosso primeiro-ministro: ação decisiva sobre o Protocolo", afirmou aos jornalistas após ser recebido por Johnson no castelo de Hillsborough, a sudoeste de Belfast.

Questionado sobre as notícias de que o Governo vai apresentar esta semana legislação com poderes para revogar partes do texto que faz parte do Acordo de Saída do Reino Unido da União Europeia (UE), assinado em 2019, Donaldson mostrou-se cético.

"A apresentação de legislação são palavras. O que eu preciso é ação decisiva. E isso significa que eu quero ver o Governo a ratificar legislação que ofereça a solução que precisamos", vincou.

Boris Johnson viajou até Belfast para reunir de emergência com os partidos políticos e instá-los a restabelecer as instituições políticas, nomeadamente a Assembleia e Governo regional, na sequência das eleições de 05 de maio.

O DUP, que perdeu a posição de partido maioritário na Assembleia para o rival Sinn Féin, recusa formar a coligação necessária para viabilizar um governo enquanto não forem feitas alterações aos acordos pós-Brexit.

Os unionistas discordam com o Protocolo da Irlanda do Norte, a solução encontrada durante o processo de saída do Reino Unido da UE para evitar uma fronteira física na Irlanda do Norte.

A província britânica ficou com um estatuto especial, dentro da união aduaneira britânica, mas associada ao mercado único europeu e sujeita a regras da UE, com controlos aduaneiros e burocracia adicional para a entrada de mercadorias que chegam do Reino Unido.

Segundo Donaldson, o Protocolo está a causar danos "à economia, a prejudicar as instituições políticas, a criar instabilidade e a prejudicar relação com o resto do Reino Unido".

"Não podemos ter poder partilhado sem consenso e esse consenso não existe", disse.

Boris Johnson disse que pretende apresentar um plano com os próximos passos esta semana caso a UE não faça mais cedências. ,

Do lado do Sinn Féin, a presidente, Mary Lou McDonald, admitiu que a conversa com o primeiro-ministro britânico foi "bastante incisiva", acusando Londres de estar disposto a violar um acordo internacional para "apaziguar" o DUP.

"Dissemos-lhe diretamente que o ato unilateral proposto de legislar em Westminster é errado. Parece-nos absolutamente extraordinário que o Governo britânico se proponha a legislar para infringir a lei. É uma proposta extraordinária que amplificaria a má-fé com que o governo conservador se tem portado desde o início de todo o desastre do Brexit", disse aos jornalistas.

Leia Também: Boris Johnson recua na "amnistia" a julgamentos sobre Irlanda do Norte

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