NATO. Finlândia inicia defesa da adesão, Suécia confirma pedido

A discussão da adesão de Finlândia e Suécia à NATO chegou aos respetivos parlamentos, no dia em que a Estocolmo confirmou formalmente que irá pedir a entrada na Aliança Atlântica, com a ameaça de um veto turco ao processo.

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Lusa
16/05/2022 19:49 ‧ 16/05/2022 por Lusa

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NATO

A primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, defendeu hoje a entrada do país nórdico na NATO, na abertura da sessão em que o Parlamento decidirá se ratifica o pedido de adesão aprovado pelo Presidente, Sauli Niinistö, e pelo Governo.

Na sua declaração inicial, a primeira-ministra reiterou que a invasão da Ucrânia pela Rússia produziu mudanças fundamentais no ambiente de segurança finlandês, que forçaram o país a repensar as suas políticas de segurança e defesa.

"Acredito que falo por muitos quando digo que a nossa tarefa comum é salvaguardar a independência e integridade da Finlândia em todas as situações e garantir que os finlandeses possam viver as suas vidas de forma segura e pacífica", disse.

A melhor opção para cumprir esta tarefa é aderir à NATO, onde a Finlândia estaria protegida pelas garantias coletivas de segurança previstas no artigo 5.º do Tratado da Aliança, defendeu Marin.

Referindo-se às exigências do Kremlin de que a NATO restringisse a sua expansão para leste, dizendo que representaria uma ameaça para Moscovo, a chefe de governo da Finlândia considerou que estas exigências violam o direito de cada país de decidir a sua própria política de segurança.

"A afirmação da Rússia de que é alvo de ameaças externas não tem fundamento. O único país que ameaça a segurança da Europa e está a travar abertamente uma agressão de guerra é a Rússia", sublinhou.

Durante o debate parlamentar, as únicas vozes discordantes foram as de alguns deputados da Aliança de Esquerda, para quem a entrada na NATO aumentará as tensões com Moscovo e fará da Finlândia a linha da frente numa eventual guerra com a Rússia.

Apesar de a grande maioria dos deputados e dos partidos políticos serem a favor da admissão, a sessão plenária deverá ser longa e pode durar até noite dentro.

De acordo com o presidente do Parlamento, o antigo primeiro-ministro Matti Vanhanen, o grande número de intervenções planeadas irá certamente forçar o adiamento da votação final até terça-feira.

Na abertura do debate parlamentar na Suécia, a primeira-ministra Magdalena Andersson, disse que a Suécia "precisa de garantias formais de segurança que venham com a adesão à NATO", numa alusão ao princípio de defesa coletiva em caso de agressão contra um dos membros da Aliança.

"A Suécia pode ser mais bem defendida no seio da NATO", justificou Andersson, citada pela agência norte-americana AP.

A chefe do Governo reconheceu que "não é uma decisão que se tome facilmente" e representa uma "mudança histórica" na abordagem da política de segurança da Suécia.

Também hoje, Andersson anunciou formalmente que a Suécia vai candidatar-se à adesão à NATO, pondo termo a dois séculos de uma política de neutralidade.

"O Governo decidiu informar a NATO do desejo da Suécia de se tornar membro da aliança", disse Andersson numa conferência de imprensa em Estocolmo, após uma reunião extraordinária do executivo e do debate parlamentar.

"Estamos a sair de uma era e a entrar numa nova", disse a líder do Partido Social-Democrata sueco, aludindo à política de não-alinhamento mantida pela Suécia desde as Guerras Napoleónicas, do século XIX.

O embaixador sueco na NATO transmitirá a candidatura de Estocolmo "em breve", em Bruxelas, ao mesmo tempo que a Finlândia, segundo Andersson.

Sobre o processo paira a ameaça de um veto da Turquia, cujo presidente Recep Tayyip Erdogan ameaçou hoje bloquear a adesão se estes países mantiverem a sua política de "acolhimento de guerrilheiros curdos".

"A Suécia é um centro de incubação de organizações terroristas. Acolhe terroristas. No seu parlamento, há deputados que defendem os terroristas. A quem acolhe terroristas não diremos 'sim' quando quiserem juntar-se à NATO", declarou Erdogan.

Na sexta-feira passada, o chefe de Estado turco já tinha avisado que não via com bons olhos a intenção dos dois países nórdicos de ingressar na NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte), devido à sua atitude de abertura em relação a organizações militantes curdas que Ancara considera ramificações do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), a guerrilha curda da Turquia.

Em Moscovo, o Presidente russo, Vladimir Putin, assegurou hoje que a adesão à NATO da Finlândia e da Suécia não é um problema para a Rússia, mas que passará a sê-lo se incluir a colocação de armas no território desses países.

"A Rússia não tem problemas com esses países, já que sua entrada na NATO não cria uma ameaça", disse Putin durante a cimeira da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO, na sigla em inglês).

Contudo, o líder russo acrescentou que, se o alargamento da NATO for acompanhado pela localização de "infraestruturas militares" naqueles países, Moscovo ficará obrigado a "reagir".

"Vamos decidir com base nas ameaças que a NATO nos criar", explicou Putin, referindo-se ao alargamento da Aliança como uma questão "artificial", que foi criada "no interesse da política externa dos Estados Unidos".

Leia Também: Aliança pós-soviética oferece cooperação à NATO para reduzir tensão

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