"Ninguém precisa da Ucrânia. A Ucrânia é material descartável na guerra híbrida total contra a Federação Russa", disse o chefe da diplomacia russa numa conferência educacional com o tema "Novos Horizontes", citado pela agência espanhola EFE.
Lavrov disse que esta circunstância "não levanta quaisquer dúvidas na mente de ninguém e foi declarada publicamente".
"Josep Borrell, o diplomata de topo da União Europeia, diz que 'nesta guerra, a vitória deve ser alcançada no campo de batalha'", referiu.
Segundo Lavrov, as autoridades norte-americanas e britânicas argumentam que não se pode permitir que a Rússia vença, que deve ser derrotada.
"Por outras palavras, a guerra que declararam não é entre a Ucrânia e a Rússia, mas entre o Ocidente e a Rússia (...). Tornou-se uma expressão comum que o Ocidente está pronto a lutar até ao último ucraniano. É muito correto", acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Lavrov disse que a Ucrânia não é independente nas suas decisões, mesmo que as autoridades de Kiev o afirmem, e deu como exemplo as negociações russo-ucranianas após o início da "operação militar especial" da Rússia na Ucrânia, em 24 de fevereiro.
"Temos informações através de vários canais de que Washington e especialmente Londres estão a orientar os negociadores ucranianos e a regular a sua capacidade de manobra, e talvez tenham representantes diretamente em território ucraniano", afirmou Lavrov.
O chefe da diplomacia russa acusou ainda os EUA e os seus aliados de quererem prolongar o conflito na Ucrânia.
"Quanto mais tempo durar, mais danos, ao que lhes parece, causará aos militares russos, à própria Rússia", justificou.
Lavrov disse também que Moscovo tem informações de que Kiev não recebeu confirmação do Ocidente de que será o garante da segurança da Ucrânia.
"Isto também mostra que o Ocidente não precisa particularmente da Ucrânia, exceto como 'ponta de lança' para irritar permanentemente a Federação Russa, para criar ameaças à nossa segurança", insistiu.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 83.º dia, provocou um número por determinar de baixas e levou mais de 14 milhões de pessoas a fugir de casa, incluindo mais de 6,1 milhões para outros países.
A ONU calcula que cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A generalidade da comunidade internacional condenou a invasão e impôs sanções económicas contra interesses russos.
A União Europeia e países como os Estados Unidos e o Reino Unido têm fornecido armamento à Ucrânia na luta contra as forças russas.
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