Rafael Pérez fez esta declaração na comissão senatorial do Interior, quando questionado pelos representantes da Geroa Bai, Koldo Martínez, e da ERC, Xabier Castellana, que lhe perguntaram se a Secretaria de Estado da Segurança ou outro organismo do Ministério do Interior tinha usado o programa Pegasus para espiar 62 pessoas relacionadas com o processo de independência da Catalunha.
"Nem o Ministério do Interior, nem a Polícia Nacional, nem a Guarda Civil usaram o Pegasus", assegurou Rafael Pérez, que acrescentou: "Melhorámos o sistema SITEL (de escutas telefónicas) e não termos nada que esconder".
Pérez recordou que o assunto está na justiça e pediu que se confiasse nos juízes e fiscais encarregados da investigação.
Um senador do PP, Fernando Martínez Maillo, perguntou-lhe se, tal como o do ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, o seu telemóvel tinha sido espiado e qual é o organismo do Ministério que controla a segurança das comunicações e se atua em coordenação com o Centro Nacional de Informações (CNI).
Rafael respondeu: "Não posso responder pelo CNI, (mas) se me pedirem não tenho problemas em mostrar o meu telemóvel a quem for pertinente fazê-lo, sem prejuízo das próprias funções de segurança que temos encomendadas no próprio Ministério do Interior, que permitem por via indireta fixar pelo menos umas cautelas mínimas de segurança para garantir a ordem das comunicações".
Martínez Maillo perguntou-lhe, se o Ministério tem o seu próprio sistema de controlo das comunicações, porque não abriu uma investigação para saber para saber o que se passou com o telemóvel do ministro, optando por demitir a diretora do CNI, Paz Esteban, a pedido dos independentistas.
Acrescentou ainda, de forma crítica: "Estão de joelhos perante os seus parceiros, os que têm de espiar, e a mensagem para a nova diretora do CNI é a de que pode fazer tudo o quiser, menos investigar o independentismo".
Rafael Pérez pediu ao senador do PP que "não faça um uso diferente" das suas palavras, sublinhando: "Insiste em que o CNI não depende do Ministério do Interior e há uma investigação aberta e se tiver de participar como secretário de Estado na mesma farei o que me for exigido".
Por sua parte, o diretor-geral da Polícia, Francisco Pardo, garantiu na mesma comissão que a Polícia Nacional não usa o programa de espionagem Pegasus "porque não o tem" e que este corpo policial não se dedica a perseguir ideias políticas.
Na ocasião, foi questionado pelos representantes da Junts per Catalunya (JxCat), Josep Lluis Cleries, e da ERC, Xabier Castellana, que denunciaram o uso de instituições do Estado para reprimir cidadãos, violando direitos consagrados, referindo-se a "66 casos" de independentistas espiados com o Pegasus, dos quais "só 16 tinham autorização judicial" para o efeito.
"A Polícia Nacional é neutral, politicamente falando, e trabalha profissionalmente sem interferências políticas", asseverou Francisco Pardo, que adiantou que, nas suas investigações, os agentes deste corpo policial usam o sistema de escutas telefónicas SITEL, mas sempre com autorização judicial.
Em resposta a Cleries (JxCat), o diretor da polícia disse: "A prova de que não se perseguem ideias políticas é o que o senhor está sentado nessa cadeira".
E, dirigindo-se a Castellana (ERC), negou que haja organizações criminosas dentro da estrutura do Estado, uma vez que "a Polícia Nacional é uma instituição limpa e democrática e tem um código deontológico muito potente, bem como regulamento que sanciona condutas que se desviam da lei".
Josep Lluis Cleries (JxCat) questionou-o se continua a existir a designada 'Polícia Patriótica'.
Sobre este tema, Francisco Pardo respondeu que "o que a Polícia faz é procurar os que cometeram delitos, para os levar à justiça para que os juízes decidam", e que "o que a faz grande (à Polícia Nacional) é que até expulsa do seu seio os que se afastam da lei".
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