Trípoli alerta que confrontos na capital foram os maiores desde 2019
O Governo de Unidade Nacional (GUN) líbio, liderado por Abdelhamid Dbeibah, declarou hoje que os graves confrontos entre grupos armados ocorridos em Trípoli na terça-feira foram a maior luta pelo poder desde a ofensiva de Khalifa Haftar em 2019.
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Mundo Líbia
O primeiro-ministro eleito pelo Parlamento da Líbia, Fathi Bashaga, e uma comitiva do seu Governo entrou em Trípoli, sede do poder Executivo rival, na madrugada de terça-feira e horas depois acabou por se retirar, mas provocou graves confrontos entre grupos armados.
Em fevereiro, o Parlamento, sediado no leste do país, nomeou Bashagha, antigo ministro do Interior, como novo primeiro-ministro. Mas, até agora, não conseguiu afastar Dbeibah do Governo em Trípoli.
Dbeibah tem dito repetidamente que apenas entregaria o poder a um Governo eleito.
O Governo de Dbeibah nasceu no início de 2020, após um processo político patrocinado pela ONU, com a principal tarefa de organizar eleições parlamentares e presidenciais, inicialmente marcadas para dezembro passado, mas que foram adiadas indefinidamente. Os rivais políticos sustentam que o seu mandato terminou com este adiamento.
Abdelhamid declarou que a entrada em Trípoli de Bashaga foi apoiada por "partidos satânicos que recebem dinheiro do estrangeiro", em referência ao marechal Khalifa Haftar, homem forte do leste do país que controla o Parlamento líbio, em Tobruk.
"Concordei em abrir um corredor seguro para os infiltrados saírem de Trípoli e evitar derramamento de sangue", explicou Dbeibah num discurso à nação sobre a retirada de Bashaga, que deixou a capital por entre intensos confrontos entre milícias e grupos militares rivais.
Os confrontos deixaram um miliciano morto e vários feridos, incluindo cinco civis, um dos quais pertencia à segurança diplomática, explicou o subsecretário da autarquia de Trípoli, Naser Al-Kariw.
A fachada do hospital de maternidade Al-Yalaa sofreu danos, assim como vários veículos, um apartamento na cidade de Omar al Mujtar e dois hotéis, acrescentou Al-Kariw.
A Brigada 166, próxima do GUN, mediou a retirada de Bashaga e da sua comitiva quando os confrontos eclodiram, logo após o primeiro-ministro nomeado pelo Parlamento anunciar a sua presença na capital.
Dbeibah declarou hoje que pretende continuar a trabalhar na realização de eleições gerais, enquanto decorrem negociações no Cairo entre as duas fações líbias rivais, para chegar a acordo sobre um quadro constitucional.
A Líbia está a lutar para emergir de mais de uma década de caos político e conflito armado, após a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011, na sequência da 'Primavera Árabe', marcada por divisões entre instituições 'paralelas' no leste e no oeste do país.
A produção de petróleo, a principal fonte de receitas do país, está de novo refém das divisões políticas, com uma vaga de encerramentos forçados de explorações petrolíferas.
A conselheira especial da ONU para a Líbia, Stephanie Williams, que pediu na terça-feira às partes que não instigassem conflitos armados, conduz as negociações no Cairo e pediu a realização de eleições o mais rápido possível no país.
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