"O unilateral pede o unilateral. A ação pede a reação", alertou o português, em declarações a jornalistas, depois de a ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Liz Truss, ter anunciado uma proposta de lei para suprimir as disposições que considera problemáticas do tratado.
"É isso que queremos, uma escalada sobre a Irlanda do Norte neste momento? Penso que não", disse Vale de Almeida.
A União Europeia propôs flexibilizar a aplicação do Protocolo, que regulamenta o estatuto comercial da região britânica após o 'Brexit', mas recusa-se a reescrever o texto que entrou em vigor há 18 meses, como exige o Reino Unido.
"Ainda há potencial nas propostas que fizemos, gostaríamos de nos focar nisso, em vez de fazer as coisas unilateralmente", disse o diplomata.
O vice-presidente da Comissão Europeia (CE) para Relações Interinstitucionais, Maros Sefcovic, encarregado das relações com o Reino Unido, tem um mandato dos líderes dos 27 que não contempla a reescrita do tratado.
"Dizem-nos que devemos ter outro mandato, mas posso dizer-vos muito claramente que o que os Estados-Membros nos estão a transmitir é muito simples: não precisam de outro mandato", declarou Vale de Almeida.
A disputa pela Irlanda do Norte "teve um impacto excessivamente negativo na qualidade da nossa relação geral", disse o embaixador, avaliando a relação entre o Reino Unido e a UE um ano e meio após a materialização do 'Brexit'.
"Estou preocupado com os baixos níveis de confiança entre os dois lados (do Canal da Mancha)", acrescentou.
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