As armas enviadas para a Ucrânia, na sequência da invasão russa, poderão acabar na "economia global oculta" e nas "mãos de criminosos" assim que a guerra terminar, avisou o chefe da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), Jürgen Stock, citado pelo The Guardian. Na sua perspetiva, assim que o conflito terminar, uma enorme quantidade destas armas vai entrar para o mercado negro.
Neste sentido, Jürgen Stock fez um apelo aos Estados-membros da Interpol, especialmente aos fornecedores de armas, para cooperarem no rastreio deste armamento. "Assim que as armas se silenciarem [na Ucrânia], as armas ilegais virão. Sabemos isto de muitos outros cenários de conflito", disse Stock.
"Os grupos criminosos tentam explorar estas situações caóticas e a disponibilidade de armas, mesmo as utilizadas pelos militares e incluindo as armas pesadas. Estas estarão disponíveis no mercado criminoso e criarão um desafio. Nenhum país ou região pode lidar com ela isoladamente porque estes grupos operam a nível global", esclareceu a mesma fonte.
O líder da Interpol apontou ainda que podemos "esperar um influxo de armas na Europa e para além dela. Devemos ficar alarmados e temos de esperar que estas armas sejam traficadas não só para os países vizinhos, mas também para outros continentes".
Segundo a mesma fonte, a Interpol terá já instado os seus membros a utilizarem a sua base de dados para ajudarem a "localizar e rastrear" as armas. "Estamos em contacto com os países-membros para os encorajar a utilizarem estas ferramentas. Os criminosos estão interessados em todos os tipos de armas, basicamente quaisquer armas que possam ser transportadas podem ser utilizadas para fins criminosos", concluiu.
Recorde-se, nomeadamente, que os aliados ocidentais da Ucrânia têm vindo a enviar carregamentos de armas militares de primeira geração para a Ucrânia desde o início da invasão russa, há precisamente 100 dias.
Na terça-feira, por exemplo, o presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, anunciou o fornecimento a Kyiv de sistemas avançados de mísseis e de munições.
A guerra na Ucrânia, que teve início a 24 de fevereiro, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu ainda com o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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