"No meu tempo lá atrás, ganhava a eleição quem tinha voto dentro da urna. Agora, parece, quero que esteja errado, é um direito meu desconfiar, é um direito meu desconfiar, espero que não ganhe as eleições a quem tem amigo para contar o voto dentro do TSE", acusou Bolsonaro, em entrevista ao canal de televisão Terraviva, citado pela imprensa brasileira.
Os ataques de hoje, desta vez, foram centrados no presidente do TSE, Edson Fachin, que, segundo Bolsonaro, "tudo faz" para descredibilizar o processo eleitoral e "para eleger o Lula de forma não aceitável".
O Presidente brasileiro disse ainda que Fachin foi "o relator do processo que retirou o Lula da cadeia" e que agora o está a ajudar a ser eleito.
Os ataques do Presidente brasileiro foram direcionados a mais dois magistrados: Luís Roberto Barroso e Alexandre de Morais.
"São três ministros que não querem transparência nas eleições. Eu não ataco a democracia", denunciou Bolsonaro, acrescentando que pelo que se vê nas ruas, "é impossível não ter segundo turno ou eu não ganhar no primeiro turno".
De acordo com as últimas sondagens, Lula da Silva aumentou a diferença para Jair Bolsonaro. O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) tem 48% das intenções de voto e Bolsonaro, candidato do Partido Liberal (PL), tem 27%.
Para vencer à primeira volta é necessário mais de 50% dos votos.
Nos últimos meses, além de insistir que o sistema de votação eletrónica do país não é confiável, Bolsonaro tem intensificado os ataques a magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF) e tem dito que não respeitará determinadas decisões judiciais, em especial do juiz Alexandre de Morais, que será o presidente do TSE durante as eleições presidenciais do Brasil.
Em abril, Bolsonaro reverteu a condenação, através de um indulto presidencial, do congressista de extrema-direita Daniel Silveira, condenado a oito anos de prisão pelo STF pelas suas ameaças às instituições democráticas.
A acrescentar, tem acusado repetidamente membros da autoridade eleitoral de favorecer o seu principal rival, Luiz Inácio Lula da Silva.
Em entrevista à Lusa no final do mês de maio, o constitucionalista Diego Werneck Arguelhes, signatário da carta enviada à ONU sobre a "campanha sem precedentes" contra os tribunais brasileiros, avisou que o Presidente brasileiro está a criar bases para 'uma invasão do Capitólio', como aconteceu nos Estados Unidos.
"Jair Bolsonaro está fazendo isso em câmara lenta, o que a gente está a ver no Brasil é um 06 de janeiro, a invasão do Capitólio em câmara lenta", contou à Lusa o professor associado do Instituto de Ensino e Pesquisa do Brasil e doutorado em Direito pela Yale University, nos Estados Unidos.
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