"Não podem esperar que a Sérvia não reaja se confrontarem a RS e ameaçarem o seu líder e dirigentes com detenções", afirmou o vice-primeiro-ministro sérvio, Aleksandar Vulin, durante uma conferência de imprensa em Banja Luka, a capital não oficial da entidade sérvia da Bósnia-Herzegovina.
Vulin não esclareceu a natureza da referida reação, mas instou os sérvios dos Balcãs a manterem-se fortes e unidos na defesa dos seus interesses.
Dodik recusou-se hoje a depor perante o Ministério Público, após ter sido convocado como "suspeito de violar a ordem constitucional do país", o que poderá levar às instâncias judiciais do país a solicitar a sua detenção, segundo a imprensa local.
O presidente da RS argumentou que não reconhece a competência dos órgãos centrais de justiça da Bósnia-Herzegovina no território da entidade sérvia, pelo que não compareceu para depor perante o Ministério Público.
As declarações do vice-primeiro-ministro da Sérvia surgiram pouco depois de o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, ter declarado em Sarajevo que a Aliança Atlântica "não permitirá um vazio de segurança" na Bósnia-Herzegovina.
Quase três décadas após a guerra intercomunitária (1992-1995), que fez perto de 100.000 mortos e milhões de deslocados, a Bósnia é atualmente constituída por duas entidades, a República Srpska (RS) e a Federação Croata-Muçulmana, ambas amplamente autónomas e ligadas por um governo central.
Vulin adiantou ainda que a condenação de Dodik por desrespeito ao Alto Representante Internacional para a Bósnia-Herzegovina "não tem nada a ver com o direito e a justiça, mas representa uma vingança", porque, segundo o vice-primeiro-ministro, o líder sérvio-bósnio defende os interesses da Republika Srpska.
O vice-primeiro-ministro sérvio afirmou ainda que o parlamento da RS "tem o direito de adotar as suas próprias leis", tal como previsto no Acordo de Paz de Dayton de 1995, que acabou com a guerra civil.
A União Europeia (UE), os Estados Unidos da América (EUA), o Reino Unido, o Gabinete do Alto Representante para a Bósnia e a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa condenaram os recentes atos de secessão da RS.
Na semana passada entrou em vigor uma lei adotada em fevereiro pelo parlamento da RS que proíbe a Procuradoria-Geral do Estado, o Tribunal do Estado e a Polícia Central (SIPA) de operarem na entidade sérvia.
A lei em vigor surgiu na sequência da condenação de Milorad Dodik, de 65 anos, pelo Tribunal Estadual de Sarajevo a uma pena de prisão de um ano, acompanhada de uma proibição de seis anos de exercer as suas funções, sob acusações de desobediência ao principal enviado internacional que supervisionava a paz no país dos Balcãs.
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