O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, destacou, durante o discurso de abertura, que a cimeira acontece num "momento histórico" que deve servir para "fortalecer as relações interamericanas" e que reflete o desejo de "renovar a aliança hemisférica" entre os países da região.
Luis Almagro sublinhou que é tempo de "defender com firmeza e determinação" a democracia e encontrar soluções para os problemas estruturais que afetam o continente.
O primeiro dos dois dias do IX Fórum da Sociedade Civil abordará, entre outros temas, a proteção do meio ambiente, a defesa da democracia, a construção de cidades sustentáveis e o fortalecimento da região para enfrentar as emergências globais.
Os dias que antecederam a nona edição da cimeira ficaram marcados pela polémica em torno dos convidados, após os Estados Unidos decidirem excluir Cuba, Nicarágua e Venezuela, alegando que não cumprem os padrões democráticos.
O governo liderado por Joe Biden optou por deixar de fora estes três países devido à "falta de espaços democráticos e à situação dos direitos humanos".
Havana considerou esta medida como "discriminatória e inaceitável", além de "antidemocrática e arbitrária", e que mostra que os Estados Unidos "conceberam e utilizam um mecanismo de diálogo de alto nível como instrumento do seu sistema hegemónico no hemisfério".
Para o governo cubano, "não se pode falar das Américas sem abranger todos os países que compõem o hemisfério".
Vários países latino-americanos manifestaram-se contra esta decisão e alguns líderes, como os presidentes do México, Andrés Manuel López Obrador, e Bolívia, Luis Arce, recusaram-se a participar no evento como forma de protesto.
Para além do México disseram que não se farão representar em Los Angeles a Bolívia e países da Comunidade das Caraíbas (Caricom) como São Vicente e Granadinas.
Outros estados, como Argentina, Chile e Honduras, reiteraram as críticas aos Estados Unidos, mas já tinham confirmado a sua participação e não recuaram
A Cimeira das Américas decorre na cidade californiana de Los Angeles até dia 10 de junho, embora as sessões com os líderes apenas ocorram a partir de quinta-feira, segundo a programação divulgada pelo Departamento de Estado dos EUA.
Esta é a primeira vez que os Estados Unidos sediam o evento continental desde a sua primeira edição, que aconteceu em 1994, em Miami, durante o governo de Bill Clinton.
Na cimeira, o Presidente dos EUA Joe Biden pretende alcançar um acordo de cooperação regional sobre uma questão politicamente controversa que lhe valeu duras críticas por parte da oposição republicana: a imigração.
O número de pessoas que procuram entrar nos EUA em fuga da pobreza e violência na América Central e no Haiti está a aumentar e milhares de migrantes concentram-se na fronteira norte do México, na esperança de atravessarem para território norte-americano.
A cimeira abordará ainda temas como as alterações climáticas, o covid-19 e a "luta pela liberdade e democracia", afirmou a Casa Branca.
O evento é também um momento importante para Washington mostrar a sua posição perante a China, que está a avançar numa área há muito considerada pelos americanos como sendo sua.
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