"Segundo as nossas informações, cerca de 600 pessoas estão (...) detidas em porões especialmente preparados na região de Kherson", informou Tamila Tacheva, representante do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para a Crimeia, península ucraniana fronteiriça com Kherson que foi anexada por Moscovo em 2014.
De acordo com Kyiv, os detidos são "principalmente jornalistas e ativistas" que organizaram "comícios pró-ucranianos em Kherson" após a ocupação deste território pelos russos.
"Segundo as nossas informações, eles estão a ser mantidos em condições desumanas e são vítimas de tortura", acusou Tacheva.
Alguns dos ucranianos detidos na região de Kherson - civis, mas também prisioneiros de guerra - foram enviados para prisões na Crimeia, segundo a mesma fonte.
Banhada pelo Mar Negro e pelo Mar de Azov, a região ucraniana de Kherson, com uma área de cerca de 28.000 quilómetros quadrados, tinha mais de um milhão de habitantes antes do início da invasão russa.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de quase 15 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,9 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou hoje que 4.253 civis morreram e 5.141 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 104.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
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