O relatório da Comissão de Investigação da ONU para os Territórios Palestinianos Ocupados, hoje publicado, conclui que a ocupação israelita dos territórios palestinianos e a discriminação contra a população palestiniana são as "principais causas" de tensões recorrentes e de instabilidade.
Em resposta, o Departamento de Estado do Governo dos Estados Unidos da América recordou, em comunicado, que se opôs à criação da comissão em 2021 por parte do Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU pela sua "natureza vagamente definida".
Para a diplomacia norte-americana, Israel é "o único país sujeito a uma agenda concreta do CDH e recebe deste órgão uma atenção desproporcionada quando comparada com outras situações no mundo (...). A simples existência desta Comissão de Investigação é a forma atual desse padrão duradouro de se focar unicamente em Israel".
O comunicado da diplomacia norte-americana, citado pela agência Efe, evita a palavra "Palestina", usando em vez disso Cisjordânia e Gaza, e conclui que Washington "está firmemente comprometido em trazer a paz a israelitas e palestinianos e apoiará qualquer ação em que a ONU se aproxime das partes em busca da paz".
Já hoje, Israel, que se recusou a cooperar com a comissão, afirmou que o relatório era "parcial e tendencioso, desqualificado pelo seu ódio ao Estado de Israel e fundamentado numa longa série de relatórios parciais e tendenciosos", segundo uma declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, citada pela AFP.
Segundo a presidente da comissão mandata pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU para realizar a investigação sobre a disputa israelo-palestiniana, a sul-africana Navanethem Pillay, "as conclusões e recomendações relacionadas com as causas profundas (deste conflito) apontam esmagadoramente para Israel".
"Acabar com a ocupação dos territórios por Israel, em total conformidade com as resoluções do Conselho de Segurança, continua a ser crucial para acabar com o ciclo persistente de violência", declarou Pillay, antiga Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, no primeiro relatório desta comissão.
A presidente da comissão da ONU especificou que o documento foi apresentado às autoridades palestinianas e israelitas antes da sua publicação.
Em outra reação ao documento, cerca de 20 estudantes e reservistas do Exército israelita manifestaram-se hoje em frente à sede das Nações Unidas em Genebra, Suíça, contra a publicação do relatório.
Israel conquistou Jerusalém Oriental durante a Guerra israelo-árabe dos Seis Dias, em junho de 1967, juntamente com a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.
Os palestinianos pretendem recuperar a Cisjordânia ocupada e Gaza e reivindicam Jerusalém Oriental como capital do futuro Estado da Palestina a que aspiram.
Leia Também: Comissão critica Israel por procurar "controlo completo" da Palestina