Austrália e Nova Zelândia discutem crescente influência da China
O primeiro-ministro australiano disse hoje, depois de uma reunião com a homóloga neozelandesa, que as duas nações estão a ser bloqueadas nas políticas em relação às ilhas do Pacífico, onde a influência da China está a crescer.
© Robert Kitchin - Pool/Getty Images
Mundo China
A primeira primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, tornou-se no primeiro líder estrangeiro a visitar o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, desde que foi eleito a 21 de maio.
Os dois responsáveis lideram administrações de centro-esquerda e Ardern descreveu a eleição de Albanese, do Partido Trabalhista da Austrália, há quase uma década na oposição, como um reinício na relação entre os dois países.
A Austrália, a Nova Zelândia e os Estados Unidos têm vindo a manifestar preocupação de que um novo pacto de segurança de Pequim com as Ilhas Salomão possa resultar no estabelecimento de uma base militar chinesa no país. Tanto as Ilhas Salomão, como a China negaram que isso venha a acontecer.
Questionado sobre se a Austrália quer que a Nova Zelândia faça mais para contrariar a ascensão da China no Pacífico, Albanese respondeu aos jornalistas: "estamos a ser bloqueados no Pacífico".
"Estou ansioso por trabalhar com a primeira-ministra e com os nossos vizinhos democráticos", acrescentou, na conferência de imprensa conjunta.
Já Ardern sublinhou que as nações do Pacífico são soberanas e esclareceu que o seu Governo não se opõe a nenhum eventual pacto, sempre e quando: "siga os valores que defendemos, seja transparente e tenha como núcleo a paz e a estabilidade.
Antes, em entrevista à cadeia de televisão australiana Nine, a chefe do Governo neozelandês tinha reclamado um esforço coletivo para travar a hegemonia da China no Pacífico, expansão vista pela Austrália, Estados Unidos e outros países ocidentais como um perigo para a estabilidade da região.
"Há poder no coletivo [do Pacífico]. De facto, nos últimos tempos, temos proposto conversações importantes sobre, por exemplo, acordos de segurança e numa abordagem enquanto região", disse à TV Nine.
Ardern, cujo executivo se tem mantido cauteloso nos últimos anos em declarações sobre a China, enfureceu Pequim, na semana passada, por ter emitido um comunicado conjunto com o Presidente norte-americano, Joe Biden, expressando "preocupações partilhadas" relativas à influência chinesa no Pacífico.
Estas preocupações estão relacionadas com o plano multilateral de segurança, cooperação e comércio de cinco anos que a China procurava ver assinado durante uma recente visita do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, por dez nações da região com as quais mantém relações bilaterais.
"A presença [da China] não é nova, nem a relação que mantém com as ilhas do Pacífico. A questão é se tenta mudar essas relações para se introduzir em espaços como, por exemplo, a potencial militarização da nossa região", comentou Ardern, ao sublinhar que a Nova Zelândia, tal como a Austrália e as nações do Pacífico fazem parte de "uma família".
Ardern disse que muitos países tinham optado por continuar as relações económicas com a China, em vez de assinar acordos de segurança.
Nas questões ambientais, Albanese destacou que a Austrália, o maior doador de ajuda estrangeira na região, estava a ser levada a sério pelos vizinhos, uma vez que prometeu uma maior ação em matéria de emissões de gases com efeito de estufa.
Muitas das ilhas do Pacífico consideram as alterações climáticas a ameaça mais premente, tendo o Governo de Albanese prometido uma redução de 43% até 2030.
A Nova Zelândia ficou animada com este compromisso australiano, disse Ardern. O objetivo da Nova Zelândia até ao final da década é uma redução de 30% das emissões com gases de efeito de estufa.
"Sei que em relação à Nova Zelândia temos muito mais a fazer, mas congratulamo-nos por a Austrália se ter juntado a nós nessa viagem", indicou.
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