Três quartos dos novos deslocados internos estavam na África subsaariana

Mais de três quartos de todos os novos deslocados internos em 2021 ocorreram na África subsaariana, com quase 4,1 milhões de casos na Etiópia, Somália, Sudão do Sul e Sudão, revela hoje um relatório da ONU.

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Lusa
16/06/2022 06:06 ‧ 16/06/2022 por Lusa

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Segundo o relatório "Tendências globais: Deslocamentos Forçados", divulgado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o número de pessoas forçadas a deixar suas casas devido a guerras, violência e violações dos direitos humanos tem crescido todos os anos na última década e, no final de 2021, atingiu o recorde de 89,3 milhões, mais 8% do que em 2020 e mais do dobro de há 10 anos.

Destes, 53,2 milhões estão deslocados nos seus próprios países, 27,1 milhões são refugiados, ou seja, estão deslocados fora do seu país e têm estatuto de refugiado, e 4,6 milhões são requerentes de asilo.

Segundo o documento, a África subsaariana acolhe mais de um quarto de todas as pessoas deslocadas num país diferente do seu e mais de três quartos de todos os novos deslocados internos em 2021.

A região acolhe também um quinto de todos os refugiados no mundo, sobretudo em três países: Uganda (1,5 milhões), Sudão (1,1 milhões) e Etiópia (821 mil).

O Uganda é o segundo país do mundo que mais refugiados acolhe, depois da Turquia, que abrigava 3,8 milhões de pessoas no final de 2021.

A Etiópia destaca-se também no número de deslocados internos, conclui o ACNUR: O conflito na região do Tigray, no norte do país, levou pelo menos 2,5 milhões de pessoas a deslocarem-se dentro do país em 2021. Apesar disso, cerca de 1,5 milhões regressaram a casa ao longo do mesmo ano.

Segundo o relatório, o país tem hoje mais de 3,6 milhões de deslocados internos, mais do triplo do que tinha há quatro anos (1,1 milhões).

O conflito no Tigray deflagrou no final de 2020 entre o Governo federal e o antigo governo regional do Tigray, acabando por alastrar-se às regiões vizinhas de Amhara e Afar e fazendo manchetes em todo o mundo devido a relatos de violações generalizadas de direitos humanos.

Uma investigação conjunta da Comissão Etíope dos Direitos Humanos e do Alto Comissariado dos Direitos Humanos das Nações Unidas concluiu que os deslocamentos forçados na região poderão constituir "crimes contra a humanidade e crimes de guerra", implicando todas as partes envolvidas no conflito.

Em 2021, a violência na região do Sahel também provocou centenas de milhares de deslocamentos forçados, em particular no Burkina Faso, no Chade e no Mali.

Genericamente poupado até 2017 pela violência que provocou deslocamentos internos nos países vizinhos, o Burkina Faso viu crescer o número de deslocados de menos de 50 mil no início de 2018 para 1,6 milhões quatro anos depois (507 mil em 2021), revela o relatório do ACNUR.

A República Centro-Africana registou 393 mil novos deslocados internos devido à insegurança e à violência relacionada com as eleições gerais de dezembro de 2020, embora a maioria tenha regressado a casa durante o ano de 2021.

Quase três milhões de pessoas foram forçadas a deslocar-se no interior da República Democrática do Congo (RDCongo) ou para os países vizinhos, muitas das quais regressaram ao longo do ano, e mais de meio milhão de novos deslocamentos foram provocados pela violência intercomunal na região sul-sudanesa de Equatória, elevando para dois milhões o número de deslocados internos devido à violência no país.

O vizinho Sudão também registou mais de 540 mil novos deslocados internos atribuídos sobretudo a conflitos entre comunidades e à violência que se seguiu ao golpe militar de outubro de 2021, elevando para três milhões o número de deslocados internos no país no final do ano, enquanto na Somália, mais de meio milhão de pessoas (544 mil) ficaram internamente deslocadas em 2021.

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