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Rússia pede à FAO para criar "cruz vermelha alimentar" para evitar a fome

A Rússia pediu hoje à Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) para que crie um órgão de arbitragem, uma espécie de "cruz vermelha alimentar", para evitar uma crise alimentar global que gere fome.

Rússia pede à FAO para criar "cruz vermelha alimentar" para evitar a fome
Notícias ao Minuto

14:44 - 16/06/22 por Lusa

Mundo Crise alimentar

"Peço aos nossos colegas da ONU e da FAO que criem uma 'cruz vermelha alimentar internacional' (...) para garantir o acesso de todos ao mercado de alimentos", declarou a vice-primeira-ministra russa Victoria Abramchenko no 25º Fórum Económico Internacional de São Petersburgo dedicado à alimentação.

Segundo Abramchenko, este organismo de arbitragem estaria vocacionado a dar solução ao "problema criado pelas sanções ilegais que paralisam a logística e as limitações impostas", um dos principais fatores que estão a agravar a crise alimentar a nível mundial.

A governante russa sublinhou que a segurança alimentar é uma das principais responsabilidades de todos os Estados, sustentando que o embrião da atual crise foi gerado pela pandemia de covid-19 e agravado pelas sanções impostas à Rússia devido à intervenção militar na Ucrânia.

De acordo com a vice-primeiro-ministra, as sanções atingiram severamente as cadeias logísticas internacionais necessárias ao transporte de alimentos para os países mais necessitados e afetaram o preço do gás, necessário para a produção de fertilizantes, algo que também afeta a produção agrícola.

Apesar desta situação, Victoria Abramchenko sublinhou que durante os primeiros cinco meses de 2022 a Rússia "aumentou em 16% a exportação de produtos agrícolas" face ao ano anterior.

"Para a Coreia do Sul, por exemplo, exportamos 19% a mais em cinco meses. Para a Bielorrússia 33% a mais", disse, lembrando que as exportações para a Índia aumentaram 3,6 vezes.

A governante destacou que "a Rússia não só se alimenta a si própria, como também a outros países", observando que isso significa que "os países doadores de alimentos, como a Rússia, devem entender que terão que alimentar cada vez mais um número maior de pessoas no planeta".

Entre janeiro e maio, acrescentou, a Rússia realizou mais de 500 reuniões de trabalho para ampliar a geografia das suas exportações de alimentos.

Por sua vez, o representante da Rússia na FAO, Oleg Kobyakov, reconheceu que este organismo internacional atualmente "não possui um órgão de arbitragem".

Lamentou que "os acontecimentos político-militares dos últimos tempos tenham obscurecido a agenda do desenvolvimento sustentável e os objetivos da humanidade para 2030, em particular a eliminação da fome e a segurança alimentar".

Segundo Kobyakov, atualmente três mil milhões de pessoas em todo o mundo "não comem bem", um número que inclui cerca de 200 milhões que sofrem de fome aguda, bem como aqueles que não têm acesso a uma alimentação equilibrada e saudável.

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