Bióloga guineense considera baixo o nível de poluição dos mares do país

O nível de poluição dos mares da Guiné-Bissau é ainda fraco embora se note uma certa preocupação em relação ao cádmio, admitiu à Lusa a bióloga guineense, Aissa Regalla de Barros.

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Lusa
23/06/2022 15:03 ‧ 23/06/2022 por Lusa

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Guiné-Bissau

 

Segundo Aissa de Barros, técnica sénior no Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP), tirando o cádmio, um metal raro presente em mariscos, ostras e peixes de água salgada, "as águas do território nacional da Guiné-Bissau são pouco poluídas".

"Em relação aos metais pesados, os micro poluentes, plásticos, até hoje notou-se que na Guiné-Bissau a concentração de todos os metais pesados tem sido muito fraca exceto o cádmio que é um bocadinho preocupante", observou Aissa de Barros.

A investigadora guineense referiu que o país tem tido esta informação a partir da monitorização que é feita às áreas protegidas, nomeadamente os oceanos.

Com base nessa atividade de monitorização, Aissa de Barros apontou os resultados que o país tem vindo a alcançar na chamada Economia Azul ou Carbono Azul, dando como exemplo o Parque Natural dos Tarrafes (mangais) de Cacheu.

"Temos uma área muito importante do mangal, o Parque Natural dos Tarrafes de Cacheu. A superfície da Guiné-Bissau são cerca de 10% a 11% de tarrafes (...) Esse ecossistema joga um papel muito importante na captação do carbono. Também é uma zona que é considerada protegida. Isso tudo acaba por permitir e reforçar a conservação dos nossos oceanos", defendeu a técnica do IBAP.

A Guiné-Bissau está fortemente empenhada na conservação dos oceanos desde os anos 80 e 12,5% da área marinha e costeira é protegida por lei, disse à Lusa a bióloga.

A técnica sénior explicou que o esforço da Guiné-Bissau na conservação dos oceanos quantifica-se pela extensão das áreas marinha e costeira protegidas pela lei, um trabalho que, disse, foi iniciado em 2001.

A bióloga guineense notou que país já vinha com algum interesse na temática desde 1980 aquando da abertura da delegação da UICN (União Internacional da Conservação da Natureza) em Bissau, daí a extensão de mais de 12% do território protegido como área do oceano, frisou Aissa de Barros.

"Quando se fala da conservação dos oceanos temos essa área que é considerada protegida, mas dentro dessa área temos várias ações que são levadas a cabo, por exemplo a fiscalização marítima que visa a proteção em termos de recursos haliêuticos para que não haja a sobrepesca, para que haja a proteção das zonas da desova e de crescimento desses recursos pesqueiros, das espécies de tartarugas, golfinhos, hipopótamos, espécies que usam a área marinha", referiu a bióloga guineense.

Aissa de Barros afirmou ainda que a Guiné-Bissau tem dedicado particular atenção à monitorização de espécies ameaçadas que habitam os oceanos, nomeadamente as tartarugas, contando também com apoios de cientistas portugueses.

"Temos mais de 20 anos de monitorização da população de tartarugas marinhas e também uma forte componente de investigação científica no qual trabalhamos com universidades portuguesas", observou a investigadora do IBAP.

A bióloga guineense destacou igualmente os trabalhos de investigações levados a cabo pelo Centro de Investigação Pesqueira Aplicada (CIPA) da Guiné-Bissau, no fornecimento de informações que ajudam na conservação dos Oceanos.

A Guiné-Bissau irá enviar uma delegação à Conferência dos Oceanos, que se realiza entre o próximo dia 27 e 01 de julho, em Lisboa.

O evento é organizado pelas Nações Unidas em conjunto com Portugal e o Quénia.

Leia Também: PRS da Guiné-Bissau denuncia estar a ser alvo de perseguições

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