Em redor do caixão, cerca de 20 indígenas Xucuru cantaram hinos como parte de um ritual fúnebre, no cemitério Morada da Paz em Paulista, perto de Recife (nordeste), de onde Bruno era originário, segundo a France-Presse (AFP), presentes no local.
Vestidos com tangas e toucas tradicionais feitas de palha ou penas, cantavam enquanto tocavam instrumentos de percussão que se assemelham a maracás.
Uma foto de Bruno Pereira foi colocada no caixão, coberta com uma bandeira do Sport Recife, o seu clube de futebol preferido.
O corpo, que foi entregue à sua família na quinta-feira à noite de Brasília, onde teve lugar a perícia para a identificação formal, será cremado hoje à tarde.
"Hoje, a terra onde ele nasceu dá-lhe as boas-vindas. O seu corpo voltou à argila, às raízes das plantas, à água e ao calor do solo", disse o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados numa declaração.
"Este crime é a ponta do iceberg da situação crítica no Brasil de hoje, causada pela forma como o Estado lida com as questões indígenas", disse à AFP Vania Fialho, uma antropóloga de 56 anos de idade que assistiu ao velório.
Bruno Pereira, casado e com três filhos, trabalhou durante muito tempo na Funai, a agência estatal responsável pelos assuntos indígenas, onde chefiou um departamento especializado na proteção de povos isolados com pouco ou nenhum contacto com o mundo exterior.
Foi morto em 05 de junho quando regressava de uma expedição com Dom Phillips no Vale do Javari, uma área notoriamente perigosa perto da fronteira entre o Brasil, Peru e Colômbia, onde os traficantes de droga, mineiros de ouro e caçadores furtivos envolvidos na pesca ilegal são abundantes.
O funeral do jornalista britânico terá lugar no domingo em Niterói, perto do Rio de Janeiro.
Quatro suspeitos foram detidos até agora.
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