Dois dos principais ministros de Boris demitem-se por falta de confiança

Sajid Javid e Rishi Sunak apresentaram a demissão a Boris Johnson. Ministro da Saúde alega falta de confiança em Boris. Em causa está o escândalo que envolve o deputado Chris Pincher, também ele do Partido Conservador.

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Marta Amorim
05/07/2022 18:13 ‧ 05/07/2022 por Marta Amorim

Mundo

Reino Unido

Após um dia em que o primeiro-ministro foi forçado a reconhecer que teve de alterar a forma como abordou as alegações de comportamentos impróprios de natureza sexual atribuídos a um membro do seu Governo, Sunak e Javid anunciaram as suas demissões quase em simultâneo.

"Falei com o primeiro-ministro para apresentar a minha demissão do cargo de Secretário de Estado da Saúde e Assistência Social. Tem sido um enorme privilégio servir nesta função, mas lamento que já não poder continuar em boa consciência", pode ler-se num post de Sajid Javid.

Em causa está o escândalo que envolve o deputado Chris Pincher, também ele do Partido Conservador.

O ministro britânico das finanças Rishi Sunak também se demitiu esta terça-feira, dizendo que tinha chegado relutantemente à conclusão de que "não podemos continuar assim".

“Para mim, demitir-me de ministro das Finanças enquanto o mundo sofre as consequências económicas da pandemia, da guerra na Ucrânia e outros problemas sérios não foi decisão que tomasse de ânimo leve”, assegura Sunak na carta de demissão, que tornou pública. "O público espera, com razão, que o governo seja conduzido de forma adequada, competente e séria. Reconheço que este pode ser o meu último trabalho ministerial, mas acredito que vale a pena lutar por estas normas e é por isso que me demito", pode ler-se ainda.

Johnson estava a ser pressionado sobre o que saberia acerca de um anterior comportamento impróprio atribuído ao deputado Charles Pincher, que se demitiu do parlamento, onde assumia funções de responsabilidade na bancada dos conservadores, na sequência de queixas sobre um assédio a dois homens num clube privado.

Na segunda-feira foram divulgadas pela imprensa britânica seis novas acusações de comportamento impróprio do ex-deputado do Partido Conservador Chris Pincher, dias depois de ter sido suspenso pelo partido por ter "apalpado" dois homens.

As novas acusações contra Pincher - reveladas pelos jornais Independent, Mail on Sunday e Sunday Times - incluem outros três casos em que o político protagonizou "avanços não desejados" com outros deputados, como um ocorrido num bar do parlamento e outro no seu próprio gabinete, há mais de uma década.

Em fevereiro, um dos deputados que se queixaram da conduta de Pincher terá contactado Downing Street, residência e gabinete do primeiro-ministro, para reportar detalhes dos acontecimentos, expressando ao mesmo tempo preocupação por Pincher ter sido nomeado responsável pela disciplina parlamentar dos deputados do Partido Conservador.

O parlamentar disse que está a procurar apoio médico especializado, mas que não tem intenção de se demitir.

Na semana passada, o jornal The Sun revelou que Pincher estava a beber no clube Carlton, um dos mais antigos e exclusivos da capital britânica, quando assediou na quarta-feira dois convidados.

Pincher, que se demitiu enquanto responsável pela disciplina do partido, reconheceu que tinha "bebido demais" e que estava envergonhado pelo que fizera.

Antes de ser um dos responsáveis pela disciplina da formação partidária, Pincher foi secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros.

Entrou pela primeira vez na Câmara dos Comuns em 2010, era o vice-presidente da bancada parlamentar conservadora e considerado próximo do primeiro-ministro, cujo Governo já estava abalado por uma série de escândalos.

Estas decisões podem ser o início de uma crise política no Reino Unido numa altura em que Boris Johnson, é alvo de fortes críticas internas do próprio partido, à luz do escândalo com o deputado e ainda a gerir o caos do Partygate. 

[Notícia atualizada às 19h36] 

Leia Também: Reino Unido. Líder conservador demite-se após comportamento questionável

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