"Embora ainda não tenhamos acesso aos territórios ocupados pelas forças russas, temos documentado que ambas as partes cometeram violações das normas internacionais dos direitos humanos e do direito humanitário internacional", adiantou, durante a apresentação último relatório do órgão que lidera sobre a situação na Ucrânia.
Segundo Michelle Bachelet, ainda que "numa escala muito menor, também parece provável que as forças armadas ucranianas não tenham cumprido plenamente" essas normas nos territórios orientais do país, que a Rússia quer ter sob o seu total controlo e onde concentra as suas capacidades militares.
Bachelet mencionou que os Serviços de Segurança Ucranianos e a Polícia Nacional terão prendido cerca de 1.000 pessoas suspeitas de apoiarem as forças e milícias russas.
"Preocupa-nos que as detenções não se façam de acordo com as obrigações da Ucrânia. Também documentámos doze casos de possíveis desaparecimentos forçados por parte das forças de segurança ucranianas", acrescentou a Alta-Comissária da Organização das Nações Unidas (ONU).
O Gabinete dos Direitos Humanos da ONU registou 4.889 mortes de civis, incluindo 335 crianças, embora se saliente que os números reais podem ser consideravelmente mais elevados.
A maioria das mortes ocorreu em ataques com artilharia pesada em áreas habitadas.
"Apesar de o número de baixas civis causadas pela utilização destas armas ser indiscutível, as forças armadas russas continuaram a operar da mesma forma, com as consequências previsíveis para a população civil e as suas infraestruturas", lamentou Bachelet.
Além disso, o departamento que lidera verificou 28 casos de violência sexual relacionada com o conflito, incluindo casos de violação, violação em grupo, tortura e nudez pública forçada.
A maioria dos casos foram detetados em áreas controladas pelas forças armadas russas, mas também houve relatos de situações em áreas sob controlo do Governo ucraniano, acrescentou Bachelet.
A Rússia lançou, em 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia, condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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