Há cerca de vinte anos o último membro desta ave sul-americana - a arara-azul - desapareceu da natureza, deixando apenas algumas dezenas de pássaros em gaiolas de colecionadores por todo o mundo. No entanto, graças a um projeto de resgate internacional as araras voltaram agora ao Brasil depois de terem sido soltas na natureza no mês passado.
Ainda este ano, segundo o jornal The Guardian, existem planos para libertar mais pássaros e esperam que os animais comecem a reproduzir-se na natureza na próxima primavera.
A arara-azul, é uma das aves mais raras do mundo e regressa agora à natureza na Caatinga, uma floresta tropical no nordeste brasileiro que cobre quase 10% do país. É uma região única em todo o mundo, que abarca uma dezena de estados e com condições únicas devido à sua biodiversidade.
Este animal foi descoberto há mais de 200 anos (em 1819), pelo naturalista alemão Johann Baptist von Spix (daí o seu nome em inglês ser Spix’s macaw), e desde de 1980 que a arara-azul tem sido ameaçada.
Em 1987 restavam apenas três araras-azuis em estado selvagem, até que dois caçadores mataram dois destes no final desse ano. A última destas aves vivas era um macho e houve várias tentativas de acasalamento quer com araras-azuis em cativeiro, quer com outras fêmeas de diferentes espécies, sem resultados até ao ano 2000 – quando o último destas três aves morreu.
A história desta última arara-azul macho em estado selvagem deu origem ao filme 'Rio', que estreou em 2011, e em que a personagem principal era o último desta espécie na natureza.
Em 2019, a União Internacional para a Conservação da Natureza declarava a extinção da arara-azul em estado selvagem.
Já em 2018, Michel Temer, então presidente do Brasil, assinou um decreto em que estabeleceu um refúgio de araras no estado da Bahia, enquanto um programa de criação, com aves de coleções particulares, foi estabelecido em vários centros do mundo . O principal protagonista nesta colaboração foi a organização com sede na Alemanha, a Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP, na sigla em inglês).
Até ao momento, a população de araras-azuis passou de 55 para 261 espécimes saudáveis, todas em cativeiro. Antes de serem agrupados em Berlim em 2012 estavam espalhados entre coleções privadas no Catar, criadores alemães ou associações de conservação da natureza, como a ACTP.
Destas 55 araras, 52 foram transferidas em março de 2020, de Berlim para Curaçá, onde têm estado a ser preparadas para regressar à natureza. Entretanto, as oito primeiras já foram libertadas e ainda este ano mais 12 seguirão o mesmo caminho, devolvendo esta espécie ao Brasil.
Nas redes sociais vários internautas partilharam o sucesso deste projeto e a felicidade de voltara a ver as araras no Brasil.
🥳 É OFICIAL. As ararinhas-azuis voltaram a voar nos céus da Caatinga.
— A vida no Cerrado (@avidanocerrado) June 11, 2022
Viva a biodiversidade brasileira! Viva a Caatinga! Viva as ararinhas-azuis! pic.twitter.com/EWc3jyO8bd
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