O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo teceu críticas, esta quinta-feira aos Estados Unidos da América e ao Reino Unido, por estarem a apoiar no processo de treino das forças armadas ucranianas, está a noticiar a Reuters. Segundo a porta-voz Maria Zakharova, tais ações fazem parte da "guerra híbrida" que os países da NATO estão a travar contra a Rússia.
Durante uma conferência de imprensa, Maria Zakharova referiu que Washington tinha fornecido à Ucrânia instrutores que estavam a ajudar as forças de Kyiv a utilizarem sistemas avançados de mísseis de artilharia de alta mobilidade fabricados nos Estados Unidos (HIMARS).
A mesma representante governamental destacou ainda que tais mísseis têm um alcance mais longo e são mais precisos que outras armas de artilharia - estando já, segundo a mesma fonte, a ser "largamente" utilizados pelas tropas de Kyiv.
"As forças ucranianas estão a utilizar HIMARS recebidos dos Estados Unidos em todo o lado", disse Zakharova. A porta-voz salientou ainda que a Casa Branca tinha "enviado secretamente instrutores" para a Ucrânia, de forma a ajudar as tropas nacionais a aprenderem a utilizar e a apontar as novas armas. Tal fez com que, de acordo com a representante, tenham sido atingidos alvos civis em áreas controladas atualmente pela Rússia.
Estas declarações surgem depois de os norte-americanos terem confirmado que oito sistemas HIMARS estariam a operar na Ucrânia já em meados de julho. De salientar que a introdução de novas armas neste conflito tem levado vários analistas a defender que isso pode provocar uma viragem nesta guerra.
Maria Zakharova criticou também a decisão britânica de trazer centenas de militares ucranianos para o Reino Unido para receberem treino para a utilização de armamento. A nova iniciativa de Londres, que previa que até 10.000 soldados ucranianos fossem treinados durante os próximos meses, faz assim parte da "guerra híbrida" do Ocidente contra Moscovo, considerou ainda.
A ofensiva militar russa sobre a Ucrânia, que teve início a 24 de fevereiro, já matou mais de cinco mil civis, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior. A guerra causou ainda a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,7 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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