O Irão, que começou a desenvolver programas de drones na década de 1980 durante a Guerra Irão-Iraque (1980-1988), é acusado pelos Estados Unidos e por Israel, os seus dois principais inimigos, de usar drones e mísseis para atacar forças norte-americanas e navios ligados a Israel no Golfo, a fim de desestabilizar a região.
"A primeira divisão naval de porta-drones da Marinha do Irão, composta por navios e submarinos capazes de transportar todos os tipos de drones de combate, deteção e destruição, foi inaugurada", anunciou a televisão estatal.
"Drones de todos os tipos, produzidos pelo exército e pelo Ministério da Defesa, sobrevoaram as águas do Oceano Índico para demonstrar as suas capacidades", acrescentou a mesma fonte, mostrando imagens de drones a descolar de um navio militar.
O anúncio foi feito no mesmo dia em que o Presidente Biden inicia a sua primeira visita a Israel, país com o qual Washington assinou, na quinta-feira, uma parceria estratégica contra Teerão.
Joe Biden também participou, em Israel, numa apresentação das capacidades de defesa antimísseis do país, incluindo um novo dispositivo de resposta a laser contra drones, o 'Iron Beam'.
"Dada a atitude agressiva do sistema de dominação [dos Estados Unidos e dos seus aliados, nomeadamente de Israel], é necessário aumentar a nossa capacidade de defesa", indicou, na televisão, o comandante do exército iraniano, Abdolrahim Moussavi, durante a inauguração da nova divisão naval.
Washington impôs, em outubro de 2021, sanções contra o programa de drones do Irão, acusado de fornecer essas armas aos seus aliados do Médio Oriente, como a organização fundamentalista islâmica Hezbollah do Líbano, o movimento político-religioso huthis, no Iémen, e o movimento palestiniano Hamas, em Gaza.
O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse, na segunda-feira, que o Irão também vai entregar "centenas de drones" à Rússia, que está paralisada na Ucrânia face à resistência do exército ucraniano no leste do país.
Hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Hussein Amir-Abdollahian, descartou as acusações de Sullivan, considerando-as "infundadas", durante uma conversa telefónica com o seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba.
O ministro iraniano também adiantou que "as afirmações feitas durante a viagem de Biden" a Israel mostram que Washington tem "objetivos políticos específicos".
O Presidente norte-americano afirmou, numa conferência de imprensa realizada no palácio presidencial de Belém, na Cisjordânia, em conjunto com o líder da Autoridade Nacional Palestiniana, Mahmoud Abbas, que o povo palestiniano merece ter o seu próprio Estado e prometeu continuar a trabalhar para reativar o processo de paz entre palestinianos e israelitas.
"O povo palestiniano merece um Estado próprio, independente, soberano, viável e com continuidade territorial. Dois Estados para dois povos. Ambos com raízes profundas nesta terra", defendeu Joe Biden.
Declarações que levaram Amir-Abdollahian a sublinhar que o Irão está "contra qualquer ação que leve à continuação e escalada de conflitos".
Biden encerra hoje a sua visita oficial a Israel e ao território palestiniano, que começou na quarta-feira, e voa para a Arábia Saudita para continuar a sua viagem pelo Médio Oriente.
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