Rússia "encontra sempre uma forma de quebrar a sua promessa"

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou hoje que a Rússia "encontra sempre uma forma de quebrar as suas promessas", em alusão ao ataque em Odessa, 24 horas depois do acordo para permitir a exportação de cereais.

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© Getty Images

Lusa
23/07/2022 16:55 ‧ 23/07/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

"Não importa o que a Rússia prometa, sempre encontrará uma forma de não cumprir", disse o líder ucraniano numa mensagem de vídeo, segundo a assessoria de imprensa presidencial, em relação aos ataques a Odessa, cujo porto é fundamental para os embarques dos cereais.

Os ataques denunciados pela Ucrânia suscitaram a condenação da União Europeia, dos EUA e da Organização das Nações Unidas (ONU), garantes do acordo alcançado na sexta-feira em Istambul para desbloquear a exportação de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais presos nos portos do Mar Negro.

Numa cerimónia realizada no Palácio Dolmabahçe, na cidade turca de Istambul, com a parceria da Turquia e da ONU, foram assinados dois documentos - já que a Ucrânia recusou assinar o mesmo papel que a Rússia - devendo o acordo vigorar durante quatro meses, sendo, no entanto, renovável.

Após a assinatura do acordo, as autoridades ucranianas relataram hoje um ataque russo ao porto comercial de Odessa, ponto-chave para a exportação de cereais pelo Mar Negro.

O Governo ucraniano acusou a Rússia de "cuspir na cara" da ONU e da Turquia com o ataque, e, num comunicado citado pelo portal oficial Ukrinfrom, de Kyiv, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia afirma que a Rússia deve assumir "toda a responsabilidade" se o acordo alcançado na sexta-feira em Istambul, entre Kyiv e Moscovo, for quebrado.

"É um ataque de Vladimir Putin ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e ao Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan", sustenta o porta-voz do Ministério, Oleg Nikolenko, recordando o papel de Guterres e Erdogan enquanto supervisores do acordo.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse hoje que "condena inequivocamente" o ataque russo contra o porto ucraniano de Odessa, uma estrutura crucial para a implementação do acordo assinado na sexta-feira para retoma das exportações de cereais bloqueadas pela guerra.

"O secretário-geral condena inequivocamente os ataques relatados hoje no porto ucraniano de Odessa", declarou Guterres num comunicado, acrescentando que "a plena implementação (do acordo) pela Federação da Rússia, Ucrânia e Turquia é imperativa".

Também a União Europeia condenou o ataque.

"A UE condena veementemente o ataque com mísseis russos ao porto de Odessa. Atingir um alvo crucial para as exportações de cereais, um dia após a assinatura dos acordos de Istambul, é particularmente repreensível", escreveu o Alto-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, no seu perfil no Twitter.

Leia Também: Rússia nega a Ancara envolvimento no ataque contra o porto de Odessa

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